Re: Dando os primeiros passos na observação do céu.

Simon31 Qui 17 Jan 2013, 22:19

Hoje pela manhã chegou a minha diagonal da Orion. Bem pesada, diferente da original do Vixen. No começo da noite fui testá-la. Observei primeiramente a Lua com as oculares de 20mm, 10mm, 6mm e 5mm. Melhora drástica das imagens, principalmente com os aumentos de 140x, 175x e 210x. Vi crateras minúsculas que antes não observava com a outra diagonal e com o uso do filtro lunar 13% da Orion é verdadeiramente um show.

Mas o grande teste seria com Júpiter! E na sua observação foi que realmente vi a diferença que uma diagonal de qualidade faz! Vi muito bem suas 2 faixas e ainda uma terceira bem fina e detalhes em um de seus pólos. Suas luas estavam com aspectos de pontinhos redondos bem definidos. Utilizei aumentos de 70x, 105x, 116x, 140x e 175x, mas o que deu uma imagem com maior nitidez e contraste foi com o aumento de 105x.

Depois foquei em M42. Como vcs também aqui disseram, observei bem o trapézio da nebulosa, com pontos bem definidos. Utilizei aumentos de 17,5x 35x, 52,5x e 70x. Todos com excelentes imagens e os objetos bem definidos.

CONCLUSÃO: Uma diagonal de qualidade é o que o setentinha precisa. Agora eu pude comprovar o potencial ótico que o Durva e o Bruno tanto comentaram e realmente é verdade. Faz muita diferença mesmo. Agora sim eu vi a qualidade que as oculares de 6mm e 5mm têm! Fiquei muito feliz pela efetiva melhora nas observações. E também aconselho: quem não trocou ainda a sua diagonal, troque o quanto antes! Laughing

Bruno Qui 17 Jan 2013, 22:44

Olá Simon31, na verdade foi um empenho em conjunto de todos os usuários que participaram das discussões, entretanto não tenho como esconder um sincero sentimento de dever cumprido. Eu não podia permitir que uma ótica excepcional como a do refrator Vixen 70mm F/10 mostrasse jupiter como uma bola luminosa, quase como um borrão mesmo, e as suas luas não como esferinhas, mas como estrelas disformes. E finalmente o problema foi resolvido de uma vez por todas quando constatei a qualidade abaixo da mínima necessária para o espelho da diagonal que acompanha originalmente esse instrumento. Eu e o Leandro já conversamos bastante sobre isso e tenho certeza de que ele vai tomar providências, inclusive com outras melhorias também para a próxima remessa de setentinhas no Armazém. Tenho certeza Simon31 de que a sua sensação ao observar com uma diagonal nova e boa foi a de estar olhando através de outro telescópio.
Agora espero que o clima te seja favorável pois vale a pena poder trazer o instrumento dentro das suas melhores capacidades, ou seja, munido de acessórios importantes e essenciais. A história das imagens do Vixen agora tem um antes e um depois da troca da diagonal original por uma de melhor qualidade.
Sendo então boa sorte aí colega, e contamos com os seus relatos.

Bruno
Moderador

Durva Sex 18 Jan 2013, 10:40

Olá Simon31, realmente é isso aí que o setentinha é capaz de nos mostrar com a nova diagonal. Observadores mais experientes, como é o caso do nosso colega Bruno, conseguem tirar melhor proveito do setentinha, pois sua experiência e acuidade visual são mais apuradas que as nossas, dando a eles condições de identificarem detalhes nas superfícies planetárias que passam desapercebidos aos nossos olhos ainda pouco treinados. Mas nada que muitas noites de sereno no lombo não resolvam. É isso aí colega, vamos em frente. Sempre relatando suas observações.

Abraço.

Bruno Sáb 19 Jan 2013, 15:14

Observação: Lua.
Data: 18/01/2013
Hora: 20:00hs UT22:00 - 02:00hs UT05:00
Instrumento: refrator acromático Vixen 70mm F/10
Acessórios: oculares Vixen Plossl 10mm + barlow 1.5x (105x), Vixen NPL8mm (87.5x), WA Expanse 6mm (116x) e Huygens 0.965 4mm (175x)
Diagonal: Meade 1.25"
Cond. atmosféricas: céu parcialmente encoberto por alguns cúmulos isolados à distância a NO, N e NE, e durante alguns momentos uma névoa sêca cobriu a reagião entre 22:00hs e 00:00h do dia 19. Rajadas de ventos nas camadas mais altas (Troposfera), direção NWNE.
Seeing estimado em 8 na escala Pickering.
Aproveitando uma estiada após cerca de 15 dias sem poder observar por causa das chuvas eu apontei o setentinha da Vixen para a Lua, já que havia ima boa transparência atmosférica lavada pelas chuvas, apesar de ainda não predominaro ar sêco para que as imagens tivessem uma maior estabilidade, mas no geral foi muito bom. Ao observar a Lua com o Vixen eu fiquei admirado com a resolução e a clareza das imagens obtidas, pois elas estavam fortemente contrastadas na região do terminador, e com uma ótima definição das configurações entre as áreas claras e escuras onde predominam a maioria dos acidentes como as montanhas brilhantes e os mares mais escurecidos. Foi a minha primeira observação da Lua com o Vixen, e esperava o de sempre, ou seja, as velhas configurações com alguns aspectos modificados devidos às variações dos ângulos de iluminação pela luz solar num eterno jogo de luzes e sombras que existe por lá, entretanto para o meu espanto eu ví foi uma Lua bastante branca e brilhante mantendo uma nitidez surpreendente. Nas bordas do limbo eu podia ver um leve traço de violeta que naturalmente acompanha os refratores acromáticos com um F mediano, mas essa leve coloração violeta não me atrapalhou observar as montanhas se perdendo ao longe no limbo lunar. Já no terminador assim que a superfície lunar mergulhava nas sombras o céu de fundo apresentava-se completamente negro, e com um contraste excelente entre as áreas iluminadas e as que se encontravam nas sombras. Nenhum traço de violeta foi registrado no terminador lunar que dividia ao meio a Lua. Incontáveis crateras, várias ranhuras, inúmeras montanhas e cordilheiras (Apeninos), mares que se mostravam extremamente claros e ao mesmo tempo muito bem contrastados com as áreas ao redor e nos entroncamentos entre eles. O campo do Vixen estava cheio de pormenores nos terrenos escurecidos dos mares fortes luminescências nos cumes das montanhas e nas bordas mais altas das crateras. A minha atenção voltou-se de imediato para a extrema nitidez observada nos Mares lunares e observei distintamente entre sí a porção Oeste do Mare Frigoris, o Mare Serenitates, o Mare Crisium, o Mare Tranquilitatis, o Mare Fecundidatis, o Mare Nectaris, o Mare Undarum, o Mare Spummans e finalmente no extremo oeste o Mare Smythii. Chamava a atenção a cratera Proclus que estava com as suas raias extremamente brilhantes a oeste e subindo para o norte. Com 87.5x de aumentos o Vixen revelou inumeráveis diferenças entre as colorações dos pisos no interior dos mares, e sombras negras como carvão davam um toque final nos contornos quase surreais das crateras semi-iluminadas pela luz solar incidente ainda rasante. As paredes da gigante cratera Goclenius pareciam uma estrutura arredondada e de muros enormes abandonada e numa pequena área isolada perto das bordas do Mare Fecundidatis. Mais ao norte o par de crateras Messier e Pickering apresentavam o seu peculiar sistema de raia dupla ou radial, parecendo mais uma cauda de um cometa. Olhando esse rastro dá para inferir que esses raios ou raias brilhantes que formaram essas faixas, foram o resultado de um meteorito que incidiu na superfície lunar em um ângulo muito agudo e numa só direção. Curiosamente nesse sistema duplo de crateras, das duas a mais antiga é a cratera Pickering.
Olhando depois para a região em que se encontra a área de pouso da Apolo 11, via que principalmente alí é onde os mares lunares se apresentavam com os melhores contrastes e com um surpreendente detalhamento das mínimas cristas de enrugamentos de lava solidificada, e isso é incrível pois esses mares são relativamente bastante planos, como realmente o são o Mare Tranquilitatis e mais ao sul o Mare Serenitatis. A leste o Mare Vaporum se encontrava separado desses outros mares pelos montes Haemus e também pelos Apeninos lunares. A área de Triesnecker apresentava com perfeição o seu enorme sistema de fendas e falhas com aumentos que mesmo ainda sendo elevados no setentinha, entre 105x e 140x elas estavam notáveis, como ranhuras escavadas na brilhante região de Ariadaeus, como "gretas" entralaçadas desde a cratera Hyginus até o sistema de falhas e quebraduras nessa região.
O pólo sul lunar foi também um espetáculo à parte contendo as regiões lunares mais abruptas e que por estarem bastante próximas do limbo sul,ficavam marcadamente contrastadas num interessante e às vezes sombrio jogo de iluminação no topo de alguma muralha muito alta de alguma cratera proeminente. Utilizando no Vixen 105x de aumentos a imagem apresentou uma estabilidade total, além de uma clareza que às vezes beirava o "branco-neve" nas regiões e áreas mais brilhantes tais como os picos, os cumes das montanhas, as partes mais altas das bordas das crateras e nos materiais dos sistemas de raios brilhantes das crateras mais jovens. A magnífica planície murada de Maurolycus se apresentou como uma complexaestrutura dada à quantidade de crateras circundantes transformadas em ruínas. Cyrillus e Theophilus também formavam um interessante par de crateras, e a primeira com 175x de aumentos mostrou várias irregularidades e ruínas aterradas próximas às muralhas que subiam por alí em disposição circular enquanto Theophilus, reduzida também a ruínas pela sua vizinha apresentava pequeninas e curiosas sombras no terreno acidentado ao seu redor. A cratera Werner com o seu formoso pico central também mostrou sem dificuldades que é rodeada por picos excepcionalmente altos.
Foi muita coisa que eu observei para eu poder relatar tudo aqui em poucas palavras, e a tentativa de descrever a beleza das imagens lunares obtidas com o "setentinha" me mostraram a superfície lunar cheia de detalhes finos com uma precisão "cirúrgica".
Bruno
moderador

Bruno Sáb 19 Jan 2013, 15:14

Durva escreveu:Olá Bruno.
Passaram-se varias lunações sem que eu tivesse a oportunidade de observar a Lua devido ao clima. Este tópico estava carente de um relato de observação como esse, cheio de detalhes e pormenores. Minha esperança é a entrada do outono, pois a primavera e o verão foram muito cruéis com o clima na minha região.
Abraço.

É isso aí Durva, eu estava sentindo falta dos seus relatórios, e como as nuvens deram uma trégua por aqui, resolví manter "a chama acêsa" dos relatos sobre a observação do nosso planeta irmão.

Bruno
Moderador

Lucas87 Sáb 19 Jan 2013, 16:20

Bom relato Bruno, fazia tempo que não via um da Lua aqui! Também consegui observá-la ontem...

Lucas87 Sáb 19 Jan 2013, 16:34

Pessoal, ontem pela primeira vez consegui ir para um céu sem PL (casa de praia dos meus avós) e levando o tele junto! É incrível a diferença entre um lugar com e sem PL, meu Deus. Mesmo com a Lua Crescente iluminando tudo, conseguia ver todas as Plêiades! Aqui de casa, mesmo sem Lua, passo dificuldade pra ver algumas delas!

Com o Telescópio tive uma visão beeeeem melhor da M42. Conseguia ver a nebulosa bem maior e mais brilhante!

O melhor mesmo foi estranhar que tinha uma nuvem que ficava parada no céu e depois perceber que era a Grande Nuvem de Magalhães! Procurando mais um pouco consegui ver a pequena também, só que bem mais tênue.

Dei mais uma procurada no que olhar pensei em apontar pra 47Tuc. Daqui de casa ela aparece como um borrão redondo, mas lá, sem a PL, dava até pra resolver algumas estrelas com o tele (sem falar que dava pra vê-la a olho nu como uma estrela fraca).

Tomando a GNM de referência, com poucas expectativas, ainda achei a Nebulosa da Tarântula.

Vi ainda, bem mais claramente, a nebulosa Eta Carinae e alguns aglomerados que tem ao seu redor.

Claro que também vi Júpiter e a Lua (a atmosfera estava muito calma).

Depois de Eta Carinae o tempo nublou (era mais ou menos 23:00) e fui dormir. Foi uma ótima noite de observação Very Happy

Bruno Sáb 19 Jan 2013, 17:57

Oi Lucas87, ótimo relato, são raras as observações desses objetos de céu profundo e mais raras ainda as feitas a olho nu, porque são objetos que só podem ser melhor vistos de um local bastante privilegiado. Sem falar na sorte de estar com um instrumento de observação à mão. Com certeza o seu Celestron 70mm F/10 proporcionou imagens dos objetos de céu profundo, da lua e de jupiter como pequenas jóias celestes.
Isso é o que eu chamo de noite perfeita! Wink

Bruno
Moderador

Edinaldo Dom 20 Jan 2013, 13:14

Bruno escreveu:
Oi Lucas87, ótimo relato, são raras as observações desses objetos de céu profundo e mais raras ainda as feitas a olho nu, porque são objetos que só podem ser melhor vistos de um local bastante privilegiado. Sem falar na sorte de estar com um instrumento de observação à mão. Com certeza o seu Celestron 70mm F/10 proporcionou imagens dos objetos de céu profundo, da lua e de jupiter como pequenas jóias celestes.
Isso é o que eu chamo de noite perfeita!

Bruno
Moderador

Boa tarde pessoal,

Faz um bom tempo que eu não lia um relato com tantos pormenores como o seu Bruno, a medida que vamos lendo, vamos aprendendo cada vez mais desse maravilhoso astro vizinho nosso, a lua, parabéns a você e ao setentinha, provando que tamanho não é documento mesmo.

Oi Lucas, realmente a PL atrapalha bastante, principalmente em grandes cidades. Aqui onde moro é uma grande cidade, mas apesar da PL, como estou numa latitude mais favorável de a de vocês, vejo com maior nitidez, inclusive a olho nu, as pléiades, a constelação de órion etc.... Podemos dizer que João Pessoa é um interior desenvolvido, rsss.

Abraço a todos

Edinaldo

Bruno Seg 21 Jan 2013, 11:03

Edinaldo escreveu:vamos aprendendo cada vez mais desse maravilhoso astro vizinho nosso, a lua, parabéns a você e ao setentinha, provando que tamanho não é documento mesmo.

É isso mesmo Edinaldo, se respeitar-mos os limites do instrumento, não importa o tamanho da abertura nem a marca dele, com certeza teremos sucesso com as imagens obtidas, e a nossa lua é um excelente campo de provas para qualquer instrumento.

Bruno
Moderador

Bruno Ter 22 Jan 2013, 22:13

22/01/2013 23:14 UT01:14 e eu estou observando aqui a lua com o refrator de 100mm F/15 e 300x de aumentos e as imagens estão impressionantes pois vejo uma pequena cratera no centro de Platão, e uma fenda "Rimae Plato" com perfeição serpenteando o solo lunar nas proximidades dessa cratera.

Bruno
Moderador

Bruno Ter 22 Jan 2013, 22:43

23:36 UT01:36 elevei os aumentos do 100mm F/15 para 390x com uma ocular Vixen de 8mm + barlow 2x GSO e é impressionante a nitidez. São inumeráveis, incontáveis mesmo a quantidade de detalhes entre os promontórios Heraclides e Laplace, e é impossivel também contar o número de acidentes dentro da cratera Bianchini nas proximidaes dos promontórios. Entre Rimae Plato e o Vallis Alpes posso visualizar um impressionante vale ou canal de escoamento de lava que passa próximo à cratera Trouvelot, é a primeira vez que observo esse acidente com extrema nitidez. A cratera Copérnico dispensa comentários com as suas paredes que descem em direção ao piso dela como sucessivos platôs, e com os inúmeros poços crateriformes dispostos ao seu redor.

Bruno
Moderador

Durva Ter 22 Jan 2013, 22:57

Olá Bruno, 390 de aumento na Lua, deve ser uma visão impressionante!

Ontem tive uns breves momentos com a Lua e novamente pude comprovar a eficiência de uma diagonal sem defeito! Vi muitos detalhes que antes eram impossíveis. Principalmente na região de Sinus Iridium, o jogo de luz e sombra fazia com que uma grande porção iluminada se projetasse sobre a face noturna.

Abraço.

Bruno Ter 22 Jan 2013, 23:00

A diagonal faz toda a diferença Durva, e com uma da Meade aqui e 390x eu posso ver bem nítida a estrela Zeta Tauri próxima ao terminador lunar também, e mesmo com a luminosidade da lua posso visualizar um pequenino anel de difração em volta dessa pequena estrela, incrível a qualidade das imagens hoje, eu arriso um seeing 9 na escala Pickering.

Bruno
Moderador

Durva Ter 22 Jan 2013, 23:03

Fico feliz por você, por que aqui continua daquele jeito! rs...
Nos ultimos dias tenho tido alguns intervalos entre as nuvens, mas nunca duram mais do que 30 ou 40 minutos.

Bruno Ter 22 Jan 2013, 23:09

Adcionei agora uma ocular WA de 6mm + barlow 2x obtendo absurdas 500x de aumentos e as imagens no interior das crateras mais proeminentes continuam irrepreensíveis e estáveis, sem o menor sinal de turbulência, estão firmes com a lua parecendo uma enorme "bola de gêsso" esculpido, estou realmente admirado. Se tivesse um 10 na escala Pickering hoje seria o dia!

Bruno
Moderador

Bruno Ter 22 Jan 2013, 23:17

Repetí a operação agora com a ocular Planetária Omegon de 9mm + barlow Zeiss de 3x obtendo também 500x e novamente desrespeitando os limites do instrumento graças a um seeing "fora do normal" as imagens lunares continuam impecáveis, com as regiões próximas ao pólo sul lunar aparecendo crivadas de pequenas crateras tanto ao redor quanto dentro das maiores, e com os mares próximos ao pólo norte lunar claramente mostrando cristas de enrugamentos minúsculas como pequenas "ondas de lava" solidificadas. Bem no interiror das bordas do Mare Imbrium, vejo como tochas acêsas os cumes dos montes Tenerife que formam uma incrível "cordilheira reta" tendo ao sul "Pico", um pico montanhoso que sobe a uma altura incrível à partir do piso do Mar de lava endurecida. Outro pico parecido chamado Piton e quase tão alto como o primeiro encontrando-se a sudoeste apresentou durante vários momentos uma luminosidade fortíssima em seu topo, sem dúvida devido ao ângulo de incidência dos raios solares alí naquela região. Foram inúmeros os acidentes que foram também registrados nos interiores das crateras Eudoxos e Aristóteles. Dava para ver muros altíssimos recortados por picos, e material erodido aterrando o interior dessas crateras além de imensas cordilheiras dispostas em formas radiais no exterior delas, como também de incontáveis "rugas" ao redor de Aristillus. Dentre todas as áreas lunares observadas a que mais me chamou a atenção foram nas proximidades da cratera Pythagoras, e que mais uma vez foi impossível contar a quantidade de pormenores como pequeninos poços crateriformes, pequeninos montes, enrugamentos e bordas de crateras fortemente erodidas tanto no interior quanto no exterior das paredes que formam essas bordas. Eu não sei quando terei um outro seeing como o de hoje, creio que na verdade nunca tive, e se nunca mais tiver jamais esquecerei as imagens que se apresentaram no campo do F/15 sem o mínimo sinal de turbulência atmosférica.
Bruno
Moderador

Bruno Qua 23 Jan 2013, 08:01

Gostaria de salientar que em hipótese nenhuma considero essa cifra de 500x de aumentos durante uma observação lunar para um refrator de 100mm F/15 como um fato que poderá se repetir sempre que eu quiser, pois considero que todo o mérito foi sem dúvida por causa de uma excepcional transparência atmosférica, principalmente por ter tido os "aerossóis" em suspensão literalmente lavados pelas fortíssimas chuvas que antecederam essa noite singular. Dei muita sorte, apenas isso, e acredito que eu estava no lugar certo e na hora certa, e sinceramente não tenho muitas esperanças de conseguir isso de novo. Continuo indicando sempre como o ideal um coeficiente de aumentos máximos teóricos na faixa de 2.5x o diâmetro da objetiva em milímetros se a atmosfera permitir. Se eu tivesse também observado com o Vixen 70mm F/10 (me arrependí muito de não tê-lo feito) não sei se eu conseguiria muito mais do que 175x por causa do F mediano dele, pois em momento algum não observei o menor traço de violeta ou qualquer tipo de aberração no refrator de 100mm justamente por causa do F longo, e que praticamente o transforma num refrator apocromático. Se as imagens lunares por exemplo não apresentarem o menor sinal de turbulência, e a noite for excepcionalmente escura poderemos arriscar com aumentos graduais ultrapassar o coeficiente 2.5x, mas de novo devo advertir de que será uma ocasião raríssima, e portanto não deverá ser objeto de nossa busca pela perfeição nas imagens, e sim utilizar o instrumento da forma mais adequada possível. Daí depreende-se mais uma vez que uma noite perfeita deve ser exaustivamente perseguida pois ela não tem dia, hora e nem estação marcada.

Bruno
Moderador

Reinaldo Bismarck Qua 23 Jan 2013, 09:17

Parece que você realmente teve uma excepcional noite de observação Bruno. Infelizmente devido ao péssimo local onde resido, entre várias fontes de luz parasita e entre casas que me deixam com pouco céu e também ao equipamento, confesso que não animei a observação. Assim que cheguei me casa quase correndo, que montei o "Buchanela" uma massa de nuvens vindo do Sudoeste e Oeste atrapalharam minhas observações, depois de 1 hora e 30 minutos ele voltou a abrir más ja tinha guardado o equipamento. Espero a chegada do telescópio de 90mm F11 Yuyal Yozhong que já é um equipamento razoável para observação amadora para que eu possa realizar observações mais precisas e com mais riqueza de detalhes. Abraço e parabéns Bruno.

Bruno Qua 23 Jan 2013, 09:27

É isso aí Reinaldo Bismarck, sem dúvida que uma abertura de 100mm com um F/15 ajudam sobremaneira na obtenção de pormenores e detalhes das imagens, entretanto eu repito, o mérito na minha opinião foi mesmo da excepcional transparência atmosférica, de uma estabilidade igual a muito tempo eu não via, e pelo fato de eu morar aqui no meio do mato onde a escuridão do céu me ajudou bastante. Vamos continuar perseguindo as noites favoráveis, apesar de raras elas existem mesmo, e os meus relatórios foram a pova disso.
Grande abraço.

Bruno
Moderador

Lucas87 Qua 23 Jan 2013, 10:55

Conseguiste a noite perfeita Bruno!

Aqui o seeing poderia não estar ótimo, mas tava bom. Consegui usar mais ou menos 175x (com a ocular NPL 6mm + a lente da barlow 3x que veio com o tele, que parece dar 1,5x se eu colocar direto na ocular) e a imagem ficava perfeita! Separei facilmente a sobra dupla do pico duplo dentro da cratera Gassendi. A região de Copérnico também estava muito bonita! O polo Sul nem se fala, cheio de pequenas crateras!

Abaixo algumas fotos que tirei:

Dando os primeiros passos na observação do céu. - Página 16 Luaem230113

Dando os primeiros passos na observação do céu. - Página 16 Luaem230113

Dando os primeiros passos na observação do céu. - Página 16 Cprnicoeregio23012013

Dando os primeiros passos na observação do céu. - Página 16 Crateradupla

Edinaldo Qua 23 Jan 2013, 15:18

Bruno escreveu:
23:36 UT01:36 elevei os aumentos do 100mm F/15 para 390x com uma ocular Vixen de 8mm + barlow 2x GSO e é impressionante a nitidez. São inumeráveis, incontáveis mesmo a quantidade de detalhes entre os promontórios Heraclides e Laplace, e é impossivel também contar o número de acidentes dentro da cratera Bianchini nas proximidaes dos promontórios. Entre Rimae Plato e o Vallis Alpes posso visualizar um impressionante vale ou canal de escoamento de lava que passa próximo à cratera Trouvelot, é a primeira vez que observo esse acidente com extrema nitidez. A cratera Copérnico dispensa comentários com as suas paredes que descem em direção ao piso dela como sucessivos platôs, e com os inúmeros poços crateriformes dispostos ao seu redor.

Bruno
Moderador

Boa tarde a todos

Bruno estou gostando de ver seus relatos com grandes aumentos da nossa lua, isso é bom, como você diz , a lua é um grande teste para qualquer tipo de aparelho de astronomia. Tenho observado também que poderei utilizar um barlow de 2x GSO, sem problema e uma ocular da vixen, todas testadas com sucesso. Não vejo a hora de testar o refrator de 100 mm e df = 1630 mm de seu Zé,para fazer estes testes que você vem fazendo com sucesso. Meus parabéns.

Att.

Edinaldo

Edinaldo Qua 23 Jan 2013, 15:24

Bruno escreveu:
Adcionei agora uma ocular WA de 6mm + barlow 2x obtendo absurdas 500x de aumentos e as imagens no interior das crateras mais proeminentes continuam irrepreensíveis e estáveis, sem o menor sinal de turbulência, estão firmes com a lua parecendo uma enorme "bola de gêsso" esculpido, estou realmente admirado. Se tivesse um 10 na escala Pickering hoje seria o dia!

Bruno
Moderador

Boa tarde a todos.

Ôpa Bruno, lembra-se que tenho uma ocular WA de 6mm desta? Quando estiver com o telescópio de seu Zé, farei este teste, sendo que não utilizarei a barlow 2x, mas mesmo assim terei um aumento de 271x, dependendo das condições atmosféricas acho que conseguirei uma imagem legal.

Abraços a todos

Edinaldo

Edinaldo Qua 23 Jan 2013, 15:43

Bruno escreveu:
A diagonal faz toda a diferença Durva, e com uma da Meade aqui e 390x eu posso ver bem nítida a estrela Zeta Tauri próxima ao terminador lunar também, e mesmo com a luminosidade da lua posso visualizar um pequenino anel de difração em volta dessa pequena estrela, incrível a qualidade das imagens hoje, eu arriso um seeing 9 na escala Pickering.

Bruno
Moderador

Boa tarde a todos,

Bruno duas perguntas: Que estrela é essa Zeta tauri próxima ao terminador lunar? e qual é a diagonal que Durva está utilizando?

Att.

Edinaldo

Durva Qua 23 Jan 2013, 16:05

Olá Edinaldo, esta estrela que o Bruno se refere em seu relato é uma estrela da constelação de Touro que foi ocultada pela Lua, por isso aparecia proximo ao terminadouro. E quanto a diagonal, é uma Órion que adquiri em substituição a diagonal original do meu setentinha, que tem um defeito de fabricação.

Quer dizer que teremos outro 100mm representando o AF?! Parabéns pela aquisição.

Abraço.

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Dando os primeiros passos na observação do céu.