Observação de saturno.

Muito bom Samuel Manske, dá para se obter ótimas imagens de saturno com esse instrumento. Com essa ocular de 6mm proporcionando 150x de aumentos, boas imagens inclusive da divisão de cassini poderão ser obtidas. Faça um bom uso dessa cifra de aumentos moderados por estar confortavelmente situada dentro do coeficiente máximo de aumentos dele que é de 225x (esse aumento máximo teórico raramente será alcançado, porque depende diretamente da estabilidade atmosférica perfeita na hora da observação). Sendo então continue observando com essa ocular e procure comparar também com as imagens através de uma ocular de 10mm proporcionando 90x, pois isso acostumará melhor o olho a se posicionar na ocular facilitando a observação da divisão de cassini sem muitas dificuldades, geralmente melhor vista inicialmente nas "alças" do anel, e até diferenças de cor entra o anel A e B, e possivelmente o anel C apenas diante do disco do planeta. Inclusive uma faixa no equador de cor castanha poderá ser observada, a sombra do globo do planeta nos anéis e até 5 luas gravitando ao redor do planeta com titã adquirindo um aspecto mais esférico do que pontual.

Uma olhada mais de perto na estrutura granular dos anéis de saturno:

De estrutura granular ou granulado é aquilo que é composto de pequenos grãos, e no caso dos anéis de saturno com a exceção do anel E que parece ser constituído de partículas de gelo pulverizadas por gêiseres próximos do pólo sul da lua Enceladus, os outros anéis parecem terem sido formados por partículas desprendidas das luas mais próximas do planeta.

Cada planeta que possui anéis tem as suas peculiaridades sobre a formação deles. Com dados obtidos pela Sonda Cassini os pesquisadores chegaram à conclusão de que os anéis de saturno se formaram logo no início do sistema solar, já os anéis de jupiter se renovam constantemente por causa dos choques de micrometeoritos nas suas luas.

Segue um curioso Gif da tempestade "hexagonal" na região polar de saturno:

Rodolfo Figueira Amancio escreveu:Essa tempestade é como se fosse um furacão?
Pela imagem parece um furacão de cima.

Olá Rodolfo, essa tempestade foi detectada pela primeira vez há cerca de 30 anos, pelas sondas Voyager 1 e 2 ao estudarem a rotação de saturno. Ela é formada por ventos hexagonais na atmosfera superior do planeta (semelhantes aos que se formam nas latitudes médias aqui na terra) a mais de 30 mil km/h, e com um furacão gigante se movendo a 150 m/s criando esse misterioso formato de hexágono. Para se ter uma ideia um furacão na terra dura em média uns sete dias, enquanto esse em saturno já dura há décadas. Alguns astrônomos suspeitam de que aquele formato de hexágono, teria algo a ver também com uma falta de terra firme nesse estranho mundo gasoso.

Observação visual de Saturno
Data: 05/08/2016
Hora: 21:00 UTC
Instrumento: Refrator Acromático Vintage OKK Dan Beam - abertura 76.2mm d/f 1250mm - F/D 16.4 - Montagem Equatorial Germânica
Acompanhamento: manual
Oculares padrão 0.965": Huygens 6mm (208x) - Ortoscópica DFV Vasconcelos 9mm (138x)
Diagonal: Prismática 0.965"
Condições atmosféricas: temp. 21º - Umidade relativa do ar 32% - Vento 19 km/h - Pressão atm. 1091 hPa
Seeing estimado em 8 - Escala Pickering

Tentativa de observação de saturno bem sucedida apesar de constatar a queda da umidade relativa do ar, o que permite rajadas intermitentes de correntes de vento na troposfera influenciando negativamente o seeing, porém tirei vantagem da abertura mais reduzida do 76.2mm considerando que poderia ter utilizado o acromático de 103mm F15.4 (vejo na prática que aberturas reduzidas ampliam menos os efeitos negativos da atmosfera).
A vantagem desse refrator acromático de 3" (76.2mm) é que aberto a F16 ele atendeu ao critério Conrady standard para objetivas acromáticas, proporcionando com um bom seeing um contraste perfeito e CA zero ou nula mesmo a Dx2.5 (190x e não raro 208x com a Huygens de 6mm).
Sinceramente creio que sob uma atmosfera calma e um bom seeing, um refrator acromático opera como se fosse um apocromático ao atender ou se enquadrar dentro do critério Conrady standard.
Voltando à observação, com o céu de fundo negro como um veludo e a noite muito escura aqui na zona rural, saturno apareceu na ocular cercado de um belo anel dividido por uma fenda negra como carvão, por toda a sua extensão até sumir por detrás do globo do planeta. Com a ocular ortoscópica de 9mm (138x) da DFV Vasconcelos (ocular fabricada no Brasil na década de 1950), o planeta dos anéis se mostrou uma miniatura notável, de coloração "esverdeada-alaranjada" (ao contrário da sua coloração alaranjada que vemos, na verdade a cor de saturno é esverdeada). Mesmo com o aparelho elevado a 208x o sistema de anéis em saturno dividiu-se entre o anel A mais escuro, a divisão de cassini, o anel B mais claro e o anel de Crepe ou anel C anel perfeitamente discernido diante do disco do planeta. Estava também visível uma larga faixa castanha (NTeB) de um limbo ao outro no centro, adentrando no hemisfério norte com uma coloração  castanha e que praticamente tocava a região equatorial, e outra mais estreita (+- 1/3 da NTeB) e de coloração laranja riscava o disco de leste a oeste, um pouco acima da zona temperada norte (NTeZ) e um pouco abaixo da zona polar. Ela era melhor visualizada quanto mais próxima dos limbos. Com a Huygens de 6mm (208x) a presença do hexágono foi denunciada por um escurecimento difuso porém pontual no polo norte do planeta. O mais curioso é que mesmo acreditando ter conseguido observar 4 ou 5 luas bem próximas de saturno e uma maior mais distante, fiquei numa grande dúvida por que tive a nítida impressão de ter visto uma delas sair diante do sistema de anéis (estrela de fundo?), ou como se tivesse havido um trânsito de uma lua diante do sistema de anéis, mas como não dispunha na hora de uma tábua de efemérides ou software eu não tive como confirmar. Se algum colega viu ou fotografou saturno nessa noite do dia 5 depois do anoitecer, se possível me confirme se houve mesmo algum trânsito ou ocultação de alguma lua pelo sistema de anéis de saturno, pois acredito ter visto o que me pareceu ser uma delas surgindo no espaço que está dentro da "alça" do anel B que fica a leste do disco.