Comparativo entre oculares
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Comparativo entre oculares
Como os tempos estão difíceis em nossa terra e os acessórios de um modo geral vão demorar algum tempo para dar as caras novamente por aqui, resolvi "garantir" uma ocular Meade HD de 18 mm (do ADT) antes que os estoques acabem. Como já possuía uma Expanse ED de 15 mm (também do ADT) resolvi compará-las, até porque teoricamente a construção (nº de elementos, campo de visão) o preço e distâncias focais das duas são bem semelhantes.
Para isso utilizei um refrator de 90 mm com uma diagonal dielétrica tomando como ponto de observação algumas estrelas de boa magnitude. Como não tenho hábito nesse tipo prática ou comparação entre características e comportamentos de oculares, obviamente dúvidas surgiram rapidamente. Por exemplo, a Expanse ED torna o fundo da imagem (espaço profundo) mais contrastado em relação ao objeto observado que a Meade HD.
Porém esse contraste mais acentuado não se traduziu em qualidade de imagem, pelo contrário. Parece que acabou evidenciando um pouco demais o brilho (intensidade) das estrelas a ponto de atrapalhar a formação de uma imagem com boa nitidez e uma maior resolução/definição. No caso das estrelas, deixá-las mais puntuais. É possível?
Sempre achei que contraste (diferença entre tons claros e escuros) era sinônimo de qualidade de imagem, evidenciando detalhes e dando profundidade ao que era observado.
Nesse aspecto a Meade deixa a imagem menos contrastada, porém mais suave e com um equilíbrio que não cansa aos olhos. As estrelas ficam mais puntuais (definidas) e o conjunto (espaço profundo/estrelas) bem mais agradável de ser observado.
O alívio de olho também é um ponto muito forte da Meade. A proteção de borracha (guarda olho) é generosa e evita melhor que luzes parasitas interfiram na observação. Tanto Meade quanto Expanse possuem distorções fáceis de serem percebidas nas bordas do campo de observação.
Contudo a ocular Expanse continua sendo um bom custo/benefício em nosso mercado atualmente, mas penso que ela seja ligeiramente inferior a linha Meade.
Para isso utilizei um refrator de 90 mm com uma diagonal dielétrica tomando como ponto de observação algumas estrelas de boa magnitude. Como não tenho hábito nesse tipo prática ou comparação entre características e comportamentos de oculares, obviamente dúvidas surgiram rapidamente. Por exemplo, a Expanse ED torna o fundo da imagem (espaço profundo) mais contrastado em relação ao objeto observado que a Meade HD.
Porém esse contraste mais acentuado não se traduziu em qualidade de imagem, pelo contrário. Parece que acabou evidenciando um pouco demais o brilho (intensidade) das estrelas a ponto de atrapalhar a formação de uma imagem com boa nitidez e uma maior resolução/definição. No caso das estrelas, deixá-las mais puntuais. É possível?
Sempre achei que contraste (diferença entre tons claros e escuros) era sinônimo de qualidade de imagem, evidenciando detalhes e dando profundidade ao que era observado.
Nesse aspecto a Meade deixa a imagem menos contrastada, porém mais suave e com um equilíbrio que não cansa aos olhos. As estrelas ficam mais puntuais (definidas) e o conjunto (espaço profundo/estrelas) bem mais agradável de ser observado.
O alívio de olho também é um ponto muito forte da Meade. A proteção de borracha (guarda olho) é generosa e evita melhor que luzes parasitas interfiram na observação. Tanto Meade quanto Expanse possuem distorções fáceis de serem percebidas nas bordas do campo de observação.
Contudo a ocular Expanse continua sendo um bom custo/benefício em nosso mercado atualmente, mas penso que ela seja ligeiramente inferior a linha Meade.
Re: Comparativo entre oculares
A diferença entre os comprimentos focais não é tão pequena assim. Uma ocular de 18mm concentra 44% mais luz do brilho de fundo do céu na mesma área, que uma 15mm. Isso resulta em um brilho de superfície aparente 0,4 magnitudes maior na 18mm, perfeitamente perceptível a olhos atentos.
O colega informou a abertura do telescópio mas não a distância focal. É importante para sabermos qual era a pupila de saída utilizada, e assim ter uma melhor noção de quais os pesos das diferentes variáveis em jogo, que variam com a pupila de saída.
Colega, estas comparações foram feitas ao longo de quantas noites? Tem certeza que o seeing estava realmente bom nesta noite? Pois se não estava, isto coloca a 15mm em desvantagem pois qualquer efeito do seeing será mais evidente na ocular com maior aumento. Quando observo, uma maneira de avaliar o seeing é justamente ver em qual ocular (comprimento focal) as estrelas parecem mais pontuais. A depender do seeing na noite em particular, as estrelas podem parecer mais pontuais na minha 9mm, ou na 12mm ou na 15mm (meu telescópio é um 8" f/6). É assim que escolho a ocular que mais usarei para observar aglomerados globulares em cada noite.
Mas há outras possibilidades também. Com pupilas de saída menores que 1,5mm as estrelas começam a deixar de ser pontos para se tornar padrões de difração. Com pupilas de saída iguais ou menores que 1mm, o padrão de difração das estrelas é perfeitamente visível para mim, mas usando uma pupila de saída entre 1,5mm e 1mm, a estrela parece simplesmente meio "inchada", pois o aumento ainda não é o bastante para que eu consiga discernir os anéis do padrão de difração, mas já é o bastante para que a estrela não pareça mais um ponto. É assim que observo com minha HD 6,5mm mas sei que não é culpa da ocular, é só o padrão de difração "querendo aparecer". Dependendo da sua acuidade visual e da razão focal do seu telescópio, poderia ser este o caso... Em que pupila de saída o colega consegue discernir o padrão de difração?
O colega informou a abertura do telescópio mas não a distância focal. É importante para sabermos qual era a pupila de saída utilizada, e assim ter uma melhor noção de quais os pesos das diferentes variáveis em jogo, que variam com a pupila de saída.
Colega, estas comparações foram feitas ao longo de quantas noites? Tem certeza que o seeing estava realmente bom nesta noite? Pois se não estava, isto coloca a 15mm em desvantagem pois qualquer efeito do seeing será mais evidente na ocular com maior aumento. Quando observo, uma maneira de avaliar o seeing é justamente ver em qual ocular (comprimento focal) as estrelas parecem mais pontuais. A depender do seeing na noite em particular, as estrelas podem parecer mais pontuais na minha 9mm, ou na 12mm ou na 15mm (meu telescópio é um 8" f/6). É assim que escolho a ocular que mais usarei para observar aglomerados globulares em cada noite.
Mas há outras possibilidades também. Com pupilas de saída menores que 1,5mm as estrelas começam a deixar de ser pontos para se tornar padrões de difração. Com pupilas de saída iguais ou menores que 1mm, o padrão de difração das estrelas é perfeitamente visível para mim, mas usando uma pupila de saída entre 1,5mm e 1mm, a estrela parece simplesmente meio "inchada", pois o aumento ainda não é o bastante para que eu consiga discernir os anéis do padrão de difração, mas já é o bastante para que a estrela não pareça mais um ponto. É assim que observo com minha HD 6,5mm mas sei que não é culpa da ocular, é só o padrão de difração "querendo aparecer". Dependendo da sua acuidade visual e da razão focal do seu telescópio, poderia ser este o caso... Em que pupila de saída o colega consegue discernir o padrão de difração?
deco27x- Astronomo Amador
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Data de inscrição : 19/05/2012
Localização : Salvador - Ba
Re: Comparativo entre oculares
Primeiramente meu comentário (postagem) tem a intenção apenas de servir como um simples princípio orientador para os mais iniciantes dentro dos padrões de acessórios que temos disponíveis em nosso mercado hoje.
Tenho pouco conhecimento e prática em astronomia para análises mais técnicas e nem me atreveria a isso. Mas tentando fornecer mais dados as suas perguntas e talvez ajudar em uma análise mais aprofundada de sua parte:
O equipamento que utilizei é um refrator de 90 mm e distância focal de 900 - um f/10. Se meus cálculos estiverem certos, daria uma pupila de saída entre 1,5 e 1,8 respectivamente para as oculares. Certo?!
Sei que em maiores ampliações (ocular de 15mm) em condições de seeing comprometido, fazem com que as imagens sofram mais (percam) em qualidade em relação a uma ocular que proporciona menor ampliação - no caso a 18 mm.
Esta ocular de 18mm é recém chegada e tive poucas oportunidades para uma comparação mais constante (ainda) e farei isso com certeza no decorrer das noites de observação. Com esse tempo "carrancudo" desses últimos dias, logicamente o grau de visibilidade estava comprometido, mas tentei dentro do possível deixar a comparação em pé de igualdade para não prejudicar a análise (simples) das oculares em questão.
Em relação ao brilho de superfície citado pelo colega, isso é que me chamou a atenção e foi o motivo do questionamento em minha postagem anterior. Me pareceu que o brilho de superfície (quantidade de brilho emitido por área) me pareceu maior na ocular de 15 do que na de 18 mm. Não era para ser o contrário?
Ou será que é devido a influencia de uma pupila de saída relativamente menor?
Tenho pouco conhecimento e prática em astronomia para análises mais técnicas e nem me atreveria a isso. Mas tentando fornecer mais dados as suas perguntas e talvez ajudar em uma análise mais aprofundada de sua parte:
O equipamento que utilizei é um refrator de 90 mm e distância focal de 900 - um f/10. Se meus cálculos estiverem certos, daria uma pupila de saída entre 1,5 e 1,8 respectivamente para as oculares. Certo?!
Sei que em maiores ampliações (ocular de 15mm) em condições de seeing comprometido, fazem com que as imagens sofram mais (percam) em qualidade em relação a uma ocular que proporciona menor ampliação - no caso a 18 mm.
Esta ocular de 18mm é recém chegada e tive poucas oportunidades para uma comparação mais constante (ainda) e farei isso com certeza no decorrer das noites de observação. Com esse tempo "carrancudo" desses últimos dias, logicamente o grau de visibilidade estava comprometido, mas tentei dentro do possível deixar a comparação em pé de igualdade para não prejudicar a análise (simples) das oculares em questão.
Em relação ao brilho de superfície citado pelo colega, isso é que me chamou a atenção e foi o motivo do questionamento em minha postagem anterior. Me pareceu que o brilho de superfície (quantidade de brilho emitido por área) me pareceu maior na ocular de 15 do que na de 18 mm. Não era para ser o contrário?
Ou será que é devido a influencia de uma pupila de saída relativamente menor?
Re: Comparativo entre oculares
Vou prestar mais atenção em suas dicas e aos detalhes levantados em sua postagem. Ler mais e tentar fazer uma comparação mais cuidadosa. Os membros/amigos do fórum e as próprias oculares merecem uma análise mais consciente e aprofundada.
Agradeço as orientações por enquanto meu amigo!
Grande abraço!
Agradeço as orientações por enquanto meu amigo!
Grande abraço!
Re: Comparativo entre oculares
Colega, eu entendi que a intenção do seu post era fazer uma avaliação comparativa entre as duas oculares. O colega levantou um questionamento interessante:
Eu apenas quis ajudar a encontrar a resposta a este questionamento. Por isso levantei duas hipóteses, que me pareceram razoáveis dentro da minha experiência. Assim, o colega poderia testas estas hipótese, se assim desejar, para obter suas próprias conclusões.
Está corretíssimo.
Curioso, eu havia entendido o contrário. Vamos lá. A observação é uma experiência subjetiva. Há diversos fatores em jogo. Eu poderia levantar hipóteses, mas acho que neste ponto seria precipitado. Provavelmente com mais observações o colega seria capaz de entender melhor as diferenças no que observou em cada ocular. Minha sugestão seria tentar algum objeto difuso, neste tipo de objeto talvez seja possível entender essa diferença aparentemente contra-intuitiva observada pelo colega.
Diferentes tipos de objeto acabam por ser mais "exigentes" com diferentes aspectos da ocular....Razão pela qual muitos observadores tem diferentes tipos de oculares com o mesmo comprimento focal, os quais destinam à observação de diferentes tipos de objeto devido às diferentes virtudes e deficiências de cada uma.
Colega, não estou lhe exigindo nada, nem tenho esse direito. Apenas quero ajudá-lo a avaliar suas oculares, se assim desejar. Você não tem obrigação nenhuma de tentar fazer uma análise aprofundada de suas oculares. Eu faço este tipo de coisa porque gosto. Assim como gosto de ajudar quem queira fazer a mesma coisa.
André Pira escreveu: Por exemplo, a Expanse ED torna o fundo da imagem (espaço profundo) mais contrastado em relação ao objeto observado que a Meade HD.
Porém esse contraste mais acentuado não se traduziu em qualidade de imagem, pelo contrário. Parece que acabou evidenciando um pouco demais o brilho (intensidade) das estrelas a ponto de atrapalhar a formação de uma imagem com boa nitidez e uma maior resolução/definição. No caso das estrelas, deixá-las mais puntuais. É possível?
Eu apenas quis ajudar a encontrar a resposta a este questionamento. Por isso levantei duas hipóteses, que me pareceram razoáveis dentro da minha experiência. Assim, o colega poderia testas estas hipótese, se assim desejar, para obter suas próprias conclusões.
André Pira escreveu:O equipamento que utilizei é um refrator de 90 mm e distância focal de 900 - um f/10. Se meus cálculos estiverem certos, daria uma pupila de saída entre 1,5 e 1,8 respectivamente para as oculares. Certo?!
Está corretíssimo.
André Pira escreveu:Em relação ao brilho de superfície citado pelo colega, isso é que me chamou a atenção e foi o motivo do questionamento em minha postagem anterior. Me pareceu que o brilho de superfície (quantidade de brilho emitido por área) me pareceu maior na ocular de 15 do que na de 18 mm. Não era para ser o contrário?
Ou será que é devido a influencia de uma pupila de saída relativamente menor?
Curioso, eu havia entendido o contrário. Vamos lá. A observação é uma experiência subjetiva. Há diversos fatores em jogo. Eu poderia levantar hipóteses, mas acho que neste ponto seria precipitado. Provavelmente com mais observações o colega seria capaz de entender melhor as diferenças no que observou em cada ocular. Minha sugestão seria tentar algum objeto difuso, neste tipo de objeto talvez seja possível entender essa diferença aparentemente contra-intuitiva observada pelo colega.
Diferentes tipos de objeto acabam por ser mais "exigentes" com diferentes aspectos da ocular....Razão pela qual muitos observadores tem diferentes tipos de oculares com o mesmo comprimento focal, os quais destinam à observação de diferentes tipos de objeto devido às diferentes virtudes e deficiências de cada uma.
André Pira escreveu:Vou prestar mais atenção em suas dicas e aos detalhes levantados em sua postagem. Ler mais e tentar fazer uma comparação mais cuidadosa. Os membros/amigos do fórum e as próprias oculares merecem uma análise mais consciente e aprofundada.
Agradeço as orientações por enquanto meu amigo!
Grande abraço!
Colega, não estou lhe exigindo nada, nem tenho esse direito. Apenas quero ajudá-lo a avaliar suas oculares, se assim desejar. Você não tem obrigação nenhuma de tentar fazer uma análise aprofundada de suas oculares. Eu faço este tipo de coisa porque gosto. Assim como gosto de ajudar quem queira fazer a mesma coisa.
deco27x- Astronomo Amador
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Localização : Salvador - Ba
Re: Comparativo entre oculares
Por ter um cone luminoso mais largo devido ao F mediano, a aparente diminuição do brilho poderia ter sido causada pela vinhetagem na imagem da ocular de distância focal mais longa, provocada pela obstrução do focalizador no cone luminoso. Quando o cone luminoso é mais largo como nos F curto e mediano, para evitar vinhetagem na imagem muda-se o padrão de 1.25" para o de 2".André Pira escreveu:Em relação ao brilho de superfície citado pelo colega, isso é que me chamou a atenção e foi o motivo do questionamento em minha postagem anterior. Me pareceu que o brilho de superfície (quantidade de brilho emitido por área) me pareceu maior na ocular de 15 do que na de 18 mm. Não era para ser o contrário?
Ou será que é devido a influencia de uma pupila de saída relativamente menor?
Bruno
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Bruno- Moderador
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Idade : 62
Re: Comparativo entre oculares
Bruno, realmente, eu tinha ouvido falar que algo assim podia acontecer em refratores rápidos com oculares de grande parada de campo. Mas, um F/10 não é tão rápido... e a parada de campo da 18mm com 60° de campo é de apenas 19mm...Caberia até no padrão 0,965"...
Apenas a título de curiosidade... A vinhetagem sofrida por oculares com grande paragem de campo nestes refratores não seria apenas sobre a parte mais externa do campo?
Apenas a título de curiosidade... A vinhetagem sofrida por oculares com grande paragem de campo nestes refratores não seria apenas sobre a parte mais externa do campo?
deco27x- Astronomo Amador
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Data de inscrição : 19/05/2012
Localização : Salvador - Ba
Re: Comparativo entre oculares
Considerando que não há um ponto focal mas uma área mínima à qual o cone incidente é reduzido, uma perda de luz nele pode também significar uma diminuição do brilho por todo o campo.deco27x escreveu:Apenas a título de curiosidade... A vinhetagem sofrida por oculares com grande paragem de campo nestes refratores não seria apenas sobre a parte mais externa do campo?
Bruno
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Bruno- Moderador
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Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Comparativo entre oculares
Entendi Bruno. Obrigado pelo esclarecimento. Preciso estudar mais sobre refratores
deco27x- Astronomo Amador
- Mensagens : 930
Data de inscrição : 19/05/2012
Localização : Salvador - Ba
Re: Comparativo entre oculares
Também nos refratores acromáticos a incorreta distribuição interna dos baffles (principalmente do 1º logo atrás da objetiva), pode acabar funcionando como um diafragma quando aumenta artificialmente o F e com isso diminuindo o brilho por área.
Bruno
Moderador
Bruno- Moderador
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