ASTROFÓRUM
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Observações de marte.

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Observações de marte. Empty Observações de marte.

Mensagem  Bruno Qui 05 Jan 2012, 06:22

05/01/2012
Observação do planeta marte.
Hora: início 05:00hs/TU 08:00, término 06:05hs/TU 09:05
Condições atmosféricas: alto-cúmulos ao sul e sudoeste, com o noroeste, norte e nordeste limpos, sem a presença de nuvens e o céu de fundo apresentando-se completamente negro.
Instrumento: Refrator acromático Jaegers 103mm F/15
Oculares: 6.5mm (242x), 8mm (196x), 9mm (175x) e 10mm (157x)
-Depois de um mês de chuvas ininterruptas, hoje por volta das 05:00hs o céu mostrou-se límpido do zênite ao norte, podendo observar mesmo ao sul vários objetos Messier sem dificuldade. No zênite e se espalhando para o oeste, leste e norte uma verdadeira miríade de estrelas pontilhavam o firmamento.
Além de apresentar uma grande inclinação no seu eixo e uma ligeira fase gibosa no limbo oeste, marte estava com um brilho mais acentuado do que da última vez que eu o ví e já se encontrava perto do zênite. Armado com 157x dei a minha primeira olhada nesse planeta e imediatamente observei a calota polar (Planum Boreum), delimitada ao sul pela Utopia Planitia, uma região linear e escura bem contrastada em relação à coloração alaranjada do planeta e margeando a branca calota polar.
Mais a sudoeste no disco do planeta observei alguns escurecimentos e precisei utilizar mais aumentos. Elevei para 175x e tanto a calota como esses escurecimentos começaram a se tornarem mais nítidos, porém devo ressaltar, marte está ainda incrívelmente pequeno apesar de já percebermos algumas regiões escuras na sua superfície, porém no momento estão pouco evidentes. Continuei com 196x e pouca coisa foi acrescentada. Tive de levar o F/15 ao limite e com 242x pude então observar uma melhora no panorama, embora as principais configurações escuras se mostrassem ainda como sombras imprecisas e meio difusas, mas com contornos mais ou menos nítidos e precisos, e com uma coloração alaranjada predominando na maioria das regiões marcianas voltadas para nós. Registrei a região denominada Arcada Planitia a sudoeste da calota polar, a região de Amazonis Planitie se estendendo a sudeste até Daedalia Planum, Elisium Planitia a noroeste, a região de Lucus Planum também se estendendo pelo globo porém a oeste e mais ao sul do planeta, a região de Plhegra montes como um escurecimento mais acentuado do que as outras configurações e acima e a noroeste no planeta, e a Terra Sirenum margeando o outro pólo de marte. O uso de filtros se mostrou eficiente em alguns momentos, como o #21-laranja que destacou as configurações escuras embora tenha "mascarado" um pouco a calota polar, e o #11-amarelo/verde que realçou as regiões mais claras, porém as melhores imagens foram as obtidas sem o uso de filtros, pois apesar de marte ainda se apresentar como uma miniatura, à partir da segunda quinzena de janeiro e culminando na segunda quinzena de março e início de abril, tenho absoluta convicção de que esta oposição irá nos proporciornar interessantes observações das principais configurações na superfície do planeta vermelho. A sua observação e aparência é completamente diferente das imagens que obtivemos por exemplo de jupiter nessa sua última oposição, eles definitivamente são mundos completamentes distintos. Com 242x marte apresentava um diâmetro aparente em cerca de apenas 1/3 do tamanho de jupiter observado com o mesmo aumento. E marte é diferente, não estamos a observar um planeta gasoso, o seu aspecto é claramente o de um planeta rochoso. Seria mais ou menos como se observássemos a terra, e os continentes seriam as configurações escuras e os mares as regiões alaranjadas, além de uma calota polar. Parece mesmo uma terra envelhecida, enferrujada.
Aproveitei que ainda tinha alguns minutos antes do amanhecer e apontei o F/15 para saturno que já se e encontrava a uns 45º sobre o horizonte leste, e não me decepcionei, obtive belas imagens com a ocular de 9mm (175x) mostrando a divisão de cassini como uma fenda negra bem nítida nas alças do anel, o anel diante do globo e um escurecimento no lugar do anel interior C, a sombra do globo sobre os anéis a noroeste, uma belíssima e bem grossa faixa no hemisfério acima dos anéis apresentando uma coloração marron/castanha, um escurecimento na zona polar e a sua lua titã, além de mais dois pontos luminosos próximos ao planeta mas que ao invés de outras luas creio que eram estrelas de fundo pois saturno ainda se encontra a uma grande distância, e não está ainda suficientemente alto no horizonte para podermos perceber as suas luas de magnitudes mais elevadas.
Foram apenas uns 50 minutos de observação porém me deixaram bastante otimista quanto ao céu em 2012, pois marte vai dar (aliás, já está dando) uma bela mostra de seus principais acidentes e de sua calota polar, e a maior inclinação nos anéis de saturno já permitem uma boa visibilidade da divisão de cassini além de uma bela faixa no globo.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:31, editado 11 vez(es)
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Mensagem  Admin Qui 05 Jan 2012, 08:07

Que inveja (branca) parceiro. Marte sobe no horizonte e com ele nuvens.
Pelo menos vou acompanhando aqui seus relatos.
boas observações!
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Mensagem  Bruno Qui 05 Jan 2012, 08:19

Valeu parceiro.
A observação que fiz de marte hoje ainda que limitada foi extremamente recompensadora. Foi uma observação tão original que tive de editar o texto mais de uma vez pois em alguns momentos fica difícil descrever certas características da sua misteriosa superfície.
Vamos aguardar pois umas três ou quatro semanas que antecedem a oposição mostram um aumento rápido em seu diâmetro aparente, acontecendo o contrário após a oposição. Realmente observar marte é uma tarefa um tanto difícil, um verdadeiro desafio.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:32, editado 2 vez(es)
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Mensagem  Bruno Qui 05 Jan 2012, 17:03

Pois então colegas, marte é realmente um planeta de difícil observação mesmo.
Com 242x de aumento e quase estourando o limite da minha luneta, a imagem mais perfeita porém minúscula foi a que obtive com 175x.
Ví nitidamente o aspecto levemente giboso no limbo oeste do planeta, a sua calota polar, uma linha escura que a delimita e
escurecimentos que formavam configurações embora difusas e em forma de ramificações de aspecto ainda indefinido apresentando contornos mais ou menos definidos que me facilitaram a identificação dessas regiões em um simples mapa de marte.
Aliás, foram só as configurações mais evidentes que eu conseguí observar e que por sinal eram poucas e tênues, num planeta levemente corcunda e que em alguns momentos apresenetou colorações meio que róseas-esverdeadas.
Ele é muito menor do que jupiter, não havia reparado antes pois ele não era sempre o objeto de meus estudos.
Não tenho dúvidas em afirmar de que houveram momentos em que eu tive a sensação de observar uma outra terra mesmo, uma terra, um corpo celeste de constituição nítidamente rochosa. Marte não tem nada a ver com jupiter, nada mesmo!
Essa observação embora pobre em detalhes mudou a minha forma de observar qualquer planeta que seja. Marte foi um divisor de águas para mim.
Quem conseguir observar em marte nem que seja algumas das configurações mais evidentes, perceberá uma dinâmica planetária imprevisível nele e ao seu próprio tempo.
Nas oposições, e nos períodos em que as antecedem e nos que se prolongam por mais um pouco depois delas, o planeta marte resolve dar mostras dos seus acidentes com surpresas poém não raro frustações, pois ele pode inesperadamente mudar a sua aparência conforme as condições atmosféricas reinantes lá, pricipalmente durante as oposições periélicas. Marte não é um mundo morto.
Ao que parece fui contaminado por alguma bactéria marciana e acabou dando no que deu, tornei-me contagiado, obcecado e fascinado pela observação desse planeta misteriosamente "temperamental".
Fico tentando imaginar a emoção e o trabalho metódico do antigo astrônomo espanhol Comás Solá, o primeiro em quem me inspirei a mais de 30 anos atrás dos fascinantes escritos minuciosos, ricos em desenhos e ao mesmo tempo era e sou admirado pelas suas sistemáticas e contínuas observações visuais planetárias, sendo que lhe rendeu reconhecimento quando em 1890 ele presenteou a comunidade astronômica da Espanha com o primeiro mapa-mundi de marte se valendo de um instrumento do mesmo porte que o meu, um refrator da marca Grubb de 4 polegadas e 1500mm de distância focal, e eu aqui hoje tento reproduzir ou pelo menos sentir a mesma emoção que ele me transmitiu nos primórdios da minha iniciação no estudo do firmamento, e me contagiou através dos seus escritos e relatos com uma curiosidade genuína, provando para mim de uma vez por todas a maior alegria da astronomia, o simples prazer de observar um outro mundo, e no caso de marte um mundo rochoso, envelhecido, desgastado e enferrujado.
Para se ter uma noção da diversidade e variedade encontrada entre os planetas do sistema solar, Jupiter por exemplo tem até hora marcada para o trânsito da GMV, porém marte numa questão de momentos faz desaparecer ou altera as suas configurações escuras devido aos materiais arrancados de suas regiões áridas e desérticas por ventos enfurecidos, espalhando e levantando por toda a face visível do seu globo tempestades de areia e poeira a alturas impossíveis, transformando-o não raro num disco totalmente alaranjado e sem nenhum detalhe visível, com os seus detalhes ofuscados por esse fenômeno incomum em sua misteriosa atmosfera. E não esqueçamos de que o observamos através de duas atmosferas, a nossa e a dele, e ainda por cima lá tem até nuvens, e coloridas!
Marte se apresenta como ele quer, e no momento a aparência do seu globo está praticamente tomada por uma coloração predominantemente alaranjada, com poucas configurações escuras à mostra dentre as mais evidentes, porém à partir do dia 15 de janeiro próximo, as principais e maiores manchas escuras começarão a serem entrevistas no meridiano central do planeta, perto do equador e margeando as regiões polares com mais frequência.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:33, editado 5 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sex 06 Jan 2012, 14:55

Algumas dicas para se obterem boas observações visuais de marte.
O baixo contraste das configurações na superfície de marte é uma característica clássica, e é um problema que pode ser contornado por observadores atentos independente da abertura do seu instrumento, levando-se em conta que deveria ser um refrator de uns 70mm pelo menos ou um refletor de uns 150mm a 200mm, e mesmo assim somente durante o período de oposição. Contrariando muitos, instrumentos usados por amadores quando fazem um uso racional do movimento natural de marte em sua órbita esperando uma proximidade durante a oposição com o consequentemente aumento natural do seu diâmetro aparente, aliado a uma paciência infinita pois esse mundo enferrujado apresenta uma órbita retrógrada, ou seja, quando você pensa: "beleza, dessa vez ele chega mais perto", ele volta de novo e recomeça para outra vez depois retornar novamente, até então decidir-se a retomar definitivamente o seu rumo em direção a uma nova oposição, e curta também, somando-se ao fato de que isso ocorre apenas de dois em dois anos e numa média de apenas umas 40 noites realmente aproveitáveis a cada oposição, onde ele apresenta todas as suas configurações com o máximo de nitidez que a nossa e a atmosfera dele permitirem. As melhores oposições chamadas de periélicas, quando ele chega a cerca de 56 milhões de km da terra (contra os cerca de 80 milhões na próxima em abril), acontecem somente de 15 em 15 anos, e em algumas vezes chegando a demorar 17 anos. Portanto aproveite e se veja levando as suas habilidades e a capacidade do seu instrumento ao limite, precisando ir além de um determinado limite mínimo. Marte exige grandes aumentos e não os tolera! Vai ser difícil assim viu... . Se exagerarmos também nos aumentos marte se transforma num borrão alaranjado. Com um pouco de prática poderemos revelar boa parte dos seus detalhes nas suas configurações escuras contrastando-se contra uma superficie em uma grande extensão desértica, árida e alaranjada, únicas por sinal em um planeta rochoso do sistema solar, possui uma atmosfera rica em compostos capazes de fazer um buraco impensável na nossa camada de ozônio, e olha que dizem que ele está morrendo, que é um planeta morimbundo.
Utilizar aumentos da ordem de duas vezes o diâmetro da objetiva em milímetros são requeridos, aliás, são até obrigatórios, pois seus detalhes quando observados dentro do limite do instrumento podem revelar nuances únicas que o diferencia dos demais planetas do sistema solar.
Para um 70mm vá de 140x, um de 80mm são 160x e se tiver um F 15 arrisque 200x. Nos de 90mm e durante a oposição, 180x seria o ideal, vai depender da ótica mas é possível, e em condições excepcionais poderá arriscar 225x, porém as observações mais racionais deverão encontra-se dentro do coeficiente 2x, pois marte é um mundo pequeno e aumentos elevados são exigidos, porém não precisamos estender até ao coeficiente máximo de 2.5x, pois por marte estar em oposição ele está mais perto da terra e consequentemente ele estará com o seu diâmetro aparente aumentado naturalmente. Em refratores de F inferior a 12 o uso de filtros é essencial. Uma outra boa dica é o filtro Baader reforçador de contrastes, porém não devem serem utilizados com aumentos elevados. Por exemplo, valendo-se do aumento relativo a 1.5x o diâmetro da objetiva em milímetros, ou seja para um de 70mm usa-se 100x, com um de 80mm usa-se 120x, com um de 90mm alcançamos 135x e com um de 100mm ao utilizar-mos 150x as imagens ficam ótimas com esse filtro, e em qualquer planeta. Porém marte exige mais do que isso, portanto o ideal é usar as melhores oculares e no mínimo um aumento relativo ao dobro da abertura em milímetros no mínimo, relembrando que 70mm=140x, 80mm=160x, e assim por diante. Nos refletores a regra também se aplica, porém um cuidado especial deve ser dado aos refletores com uma razão focal curta, pois esses instrumentos são muito luminosos e marte não é uma excessão nesse quesito, aliás, há ocasiões em que o seu brilho excessivo chega a atrapalhar, porém os refletores não tem problemas com a aberração cromática, suportando bem aumentos elevados. Por exemolo, um refletor de 200mm aguenta tranquilamente numa observação visual planetária de marte 300x de aumentos, mas fica um alerta: de nada adianta um grande aumento sem contraste.
No estudo de marte o filtro #21-laranja é usado com sucesso para realçar as configurações escuras, já o filtro #11-amarelo/verde realça as regiões mais claras, podendo assim com a observação sistemática visualizar-mos os aspectos mais evidentes da superfície marciana.
E também muito interessante são nuances que são observadas sem filtro, de coloração rósea-alaranjada nas configurações escuras, e a cor branco-gêlo das calotas polares e um colar negro que as circundam, e que ora se estendem ora se contraem, acompanhando as variações nos diâmetros das calotas polares.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:36, editado 12 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sáb 07 Jan 2012, 01:52

Por falar em ventos furiosos e tempestades de areia, um dos maiores senão o mais preciso e o mais rigoroso observador de marte foi o astrônomo Antoniadi que começou as suas observações no final do século dezoito com o refrator de 23 cm de abertura e com um F presumívelmente 20 do mais respeitado observador (aerógrafo) desse planeta, o astrônomo francês Flammarion. Depois de um longo e providencial estágio com Flammarion, Antoniadi terminou os seus trabalhos com resultados definitivamente conclusivos quanto às dúvidas que ocorriam na observação visual de marte naquele momento da história da aerografia, usando para isso um refrator de 83 cm de abertura (o Meudon) e que com muita propriedade nos mostrou entre muitas outras coisas a mais provável natureza dos últimos dos famosos canais que serão oportunamente comentados depois, e também concluiu que as mudanças na distribuição de poeira na superfície marciana alteravam os aspectos do albedo do planeta durante as oposições periélicas. A região de Syrtis Major por exemplo sofria e sofre modificações regulares em sua porção oriental adquirindo uma aparência listrada e estreita, sendo que depois durante o outono marciano essa região se alarga.
As maiores tempestades de areia e poeira na superfície de marte ocorrem geralmente durante a primavera e o verão no hemisfério sul marciano, com uma ocorrência que não se limita a apenas um curto período mas com tempestades de alcance global, sendo a última registrada em 1982.
As regiões em marte que mais frequentemente estão associadas a essas colossais tempestades de areia e poeira são as seguintes: Chryse-Acidalia, Isidis, Syrtis Major e Cerberus no hemisfério norte, e em Hellas, Noachis, Hellespontus, Argyre, Solis, Sinai e Syria Plani no hemisfério sul marciano.
Durante a primavera e o verão no hemisfério norte de marte, e no outono e inverno no hemisfério sul, poucas são as manifestações de poeira na atmosfera marciana, porém interessantes e misteriosas nuvens de colorações esbranquiçadas, amareladas e azuis são com relativa frequência registradas nas regiões perto do limbo do planeta e no terminador próximo à sua fase gibosa durante as boas oposições.


Última edição por Bruno em Sex 17 Fev 2012, 22:03, editado 6 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sáb 07 Jan 2012, 19:42

Canais em marte:

Tentar apontar um astrônomo como o principal estudioso dos "canais" em marte é uma tarefa até certo ponto injusta. Sem dúvida o astrônomo francês Flammarion com o seu refrator Bardou de 23 cm fez desenhos minuciosos da superfície marciana e sendo por isso e por seus pormenorizados relatórios considerado o mais respeitado aerógrafo (de aerografia: o estudo de marte). Enquanto isso na Itália Schiaparelli com o seu refrator Merz de 22cm observava e desenhava frenéticamente e sem acreditar no que os seus olhos viam mais de uma centena de linhas escuras que cortavam as regiões mais claras e ligando entre sí as configurações escuras no solo de marte. Diziam que ele esfregava os olhos constantemente por achar que estava tendo ilusões ao ver os canais em marte se multiplicando de um dia para o outro. Intrigado com as narrativas de Schiaparelli, um abastado e típico americano de meia idade fumador de charutos e com dólares sobrando chamado Percival Lowell, depois de um bom estágio realizado com excelentes refratores emprestados de Harvard deve ter pensado: " Rapazes, estamos na América, então vamos construir um telescópio maior", e assim providenciou juntamente com outro grande astrônomo chamado Pickering a construção de um refrator Clark com 61cm de abertura no alto de uma montanha no deserto do Arizona e depois ainda mandou fazer um refletor com um espelho de 1 metro para estudar os "canais" observados por Schiaparelli. Ele chegou a observar canais em mercúrio, em vênus e em até algumas luas de jupiter! Shocked
Nesse meio tempo e correndo por fora, M. Antoniadi, um astrônomo detalhista, rigoroso e aplicado, e que era "secondo" astrônomo ou auxiliar de ninguém menos do que o célebre Flammarion em seu observatório particular em Juvisy na França, e com uma luneta excelente de 23cm de abertura (naquele tempo usava-se mais dizer as medidas das objetivas em centímetros, e em até metros ou 0,23m por exemplo nesse caso, mas raramente diziam 230mm como hoje) e com 4 metros de distância focal dirigia as suas observações à marte. O estagiáro-discípulo utilizando essa luneta (naquele tempo usavam mais o termo luneta para designarem os refratores) e aprimorando as suas observações de marte comparadas e realizadas simultâneamente com Flammarion identificou alguns dos canais relatados por Schiaparelli, e depois no maior momento da sua vida recebeu um convite irrecusável e partiu com as bençãos do mestre francês para os montes gelados nos Alpes da França (Meudon) para tentar resolver de vez o problema dos canais desenhados e relatados por diversos observadores utilizando nada menos do que uma gigantesca luneta de 83cm de abertura e mais de uma dezena de metros de distância focal, para ou confirmar ou dissolver as afirmações de astrônomos que possuíam ótimos refratores e que distavam entre sí a distâncias continentais, porém afirmando a mesma coisa e ao mesmo tempo a observações de dezenas, às vezes mais de uma centena de linhas escuras riscando a superfície de marte e que foram chamadas de canais. Algumas vezes desapareciam, e depois às vezes retornavam em duplas, aos pares!
O astrônomo Pickering, que tem uma famosa cratera na lua com o seu nome em sua homenagem por seus feitos na astronomia e portanto dispensa comentários, chegou a observar um canal numa região de configuração escura!!!
Para levar essa difícil tarefa a um desfecho definitivo quanto à natureza desses canais observados na superfície marciana, Antoniadi numa das regiões mais altas e geladas dos alpes franceses, utilizando o refrator em Meudon com 83cm de abertura pôs-se a estudar a superfície marciana. Apesar de em alguns momentos e sob determinadas condições ele ter conseguido entrever segmentos com alguma simetria apesar de indefinidas e aparentemente retilíneas, porém por causa da abertura enorme da objetiva desse refrator gigantesco percebeu que esses fenômenos eram segmentos de configurações pontilhadas, escuras e ordenadas mais ou menos em longas filas, e que sob condições de baixa resolução apresentavam uma configuração de forma a esses pontos aparecerem ligados entre sí, adquirindo realmente uma aparência que lembravam linhas, porém nada mais do que isso foi determinado. Canais se desfizeram em granulações muito próximas que em instrumentos com aberturas inferiores ligavam esses pontos entre sí devido à capacidade de resolução inferior ao refrator de 83cm, formando linhas que se estendiam por certas áreas no solo de marte. Esse tipo de observação de granulações que se uniam em consequência de uma baixa resolução nas objetivas com diâmetros inferiores à de Meudon e formando assim uma aparente formação linear, foi também constatada pelo astrônomo espanhol Comas Solá utilizando o refrator equatorial de 34 cm do observatório Fabra, em Barcelona. Foi então a essa conclusão que lá do alto dos Alpes um congelado Antoniadi chegou e que é a aceita até hoje: a baixa resolução nos instrumentos pode ligar pontos numa superfície planetária dando a impressão de estarem unidos e formarem retas.
Além disso Antoniadi também detém o título de ter desenhado o melhor mapa de marte através de observações visuais.
O seu desenho do mapa de marte concluido através dos seus registros observados visualmente serviu como referência para a Nasa durante os primeiros programas de envio de sondas à marte.
Esse trabalho foi a contribuição definitiva através da astronomia observacional de altíssimo nível no estudo dos canais em marte, por homens que dedicaram décadas das suas vidas a uma pesquisa sistemática desse planeta. O que tem esse mundo, que fascínio foi esse que arrebatou décadas das vidas de homens que viveram em função de observá-lo, tendo de esperar oposições apenas a cada dois anos e dois meses, com as favoráveis a cada 15 anos e assim mesmo com apenas umas quarenta noites realmente aproveitáveis durante cada oposição, além de nas oposições periélicas onde marte se aproxima da terra a cerca de 55,7 milhões de quilômetros, apesar do grande tamanho aparente chegando a 24.5" de arco, enfrentavam na observação desse planeta a época das grandes tempestades de areia e poeira na atmosfera marciana, como a de 1982 que cobriu todo o planeta!
Experimente comparar o mapa de marte desenhado por Antoniadi com o do italiano tomador de vinho Schiaparelli. Veja os desenhos dos canais que o fumador de charutos Lowell fez sobre a superfície de vênus. Teriam fumado charuto e tomado vinho estragados esses dois contumazes observadores munidos de excelentes telescópios?
O que teriam então Flammarion, Schiaparelli, Lowell, Schroeter, Pickering e inclusive o próprio Antoniadi visto com os seus respeitáveis instrumentos e com uma nitidez unânime? No entanto astrônomos como Campbell, Barnard e Asaph Hall mesmo utilizando o refrator de Lick com 91cm de abertura jamais observaram algo dessa natureza.
Apesar dos resultados conclusivos obtidos por Antoniadi e confirmado pelos astrônomos acima citados, porque aquelas configurações como que linhas riscando a superfície e interligando as configurações marcianas provocaram uma verdadeira obsessão entre observadores experientes?
Apesar das missões não tripuladas desde a Mariner até a esses robôs que circulam por lá, nenhum indício de estruturas lineares e retilíneas em grandes extensões apesar de inúmeras e imensas ranhuras no solo, não foram registrados sinais efetivos da existência dos tais canais.
Talvez jamais saberemos o que aconteceu em marte e vênus nas décadas finais dos anos de 1800 e no início de 1900 e que encerrou com as observações de Antoniadi, para levar homens renomados e experientes observadores a sofrerem da mesma ilusão de ótica através de instrumentos diferentes e excelentes, utilizando aumentos diferentes e a milhares de quilômetros de distância uns dos outros, e ao mesmo tempo com semelhantes descrições dos misteriosos canais.
Essa foi apenas uma pequena amostra do misterioso planeta marte.


Última edição por Bruno em Sáb 14 Abr 2012, 01:24, editado 34 vez(es)
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Mensagem  Bruno Dom 08 Jan 2012, 12:29

Mas então, em se tratando de refratores com até 100mm de abertura, o quê nós pobres mortais podemos ver em marte com os nossos humildes instrumentos?

Primeiro e antes de tudo: marte é tradicionalmente um mau objeto telescópio, e isso é clássico. Ele exige que façamos um uso mais elevado da potência dos nossos instrumentos porém não tolera aumentos elevados por causa do baixo contraste das suas configurações. É complicado.
Apesar de marte ter apenas a metade do diâmetro da terra e estar a uma distância mínima que varia entre 60 a 80 milhões de km, significa que o temos a uma distância cerca de 140 vezes a daqui até à lua. Apesar disso tornar a observação dele um pouco difícil, instrumentos de apenas 50mm ou 60mm de abertura podem mostrar a calota polar branca e o disco redondo com uma coloração alaranjada.
Com os refratores acromáticos de 70mm a 75mm de abertura, e com umas 140x a 150x de aumentos e com a ajuda de filtros mais tênues compatíveis com essa abertura que colige menos luz que um 80mm por exemplo, uma visualização um pouco melhor definida do que os refratores anteriores mostrará a calota polar mais nítida e melhor definida, denunciando inclusive pelas suas posições a inclinação delas em relação à terra.
As maiores configurações tais como a Arcadia Planitia e Syrtis Major poderão serem detectadas quando passarem pelo meridiano central do planeta. Durante as oposições afélicas como a que vai ocorrer agora em março e abril de 2012 não teremos tempestades de areia e poeira na atmosfera marciana, proporcionando uma boa transparência atmosférica marciana. Essas tempestades violentas ocorrem durante as oposições periélicas que ocorrem de 15 em 15 anos.
Com refratores de 80mm permitindo com a ajuda de bons filtros e uma boa condição atmosférica durante a oposição 160x de aumentos, as observações apresentam uma maior variedade de escurecimentos mais evidentes observados na superfície, além de as calotas polares se mostrarem bem mais nítidas e melhor delineadas. Se possuir um F/15 pode arriscar 200x.
Já num refrator de 90mm e 180x e com o auxílio de um filtro reforçador de contrastes, as configurações escuras e detalhes no formato das calotas polares serão registrados com mais facilidade. A procura de nuvens cirros pode mostrar-se bem sucedida com o uso de filtros azuis na detecção das famosas nuvens azuis, e que aparecerão brancas com esse filtro.
As principais configurações escuras se mostrarão a ponto de serem identificadas fácilmente num mapa de marte que contendo as configurações mais evidentes facilitando o reconhecimento delas.
Nos instrumentos citados anteriormente com aberturas superiores a 70mm, eventuais e súbitas variações de colorações no disco também poderão serem registradas.
Com uma luneta acromática de 100mm e com uma distância focal de 1500mm (F/15) evitando assim problemas com a aberração cromática, e armado com 200x a 250x de aumentos os detalhes registrados se apresentarão com um contraste mais realçado e os contornos nas configurações se tornarão mais nítidos, bem como as variações de colorações às vezes róseas-esverdeadas nessas regiões escurecidas, além de clareamentos nas regiões alaranjadas. Nuvens no limbo e perto do terminador poderão serem detectadas se lá estiverem utilizando um filtro amarelo. Com filtros azuis as nuvens azuis irão aparecer com mais frequência dependendo das condições atmosférica em marte. O anel escuro que circunda a calota visível também apresenta contornos nítidos revelando por vezes irregularidades.
A fase gibosa (corcunda) se faz notadamente acentuada, diminuindo em até 11% o diâmetro do planeta próximo ao limbo em que ela se manifestar.
Fiz essas abordagens acima baseado em instrumentos com os quais tive a oportunidade de experimentar longamente, e que estão ao nosso alcance sendo que corretamente utilizados podem nos proporcionar um bom vislumbre das características mais interessantes desse planeta, mesmo que de uma forma relativamente limitada. Dentre os refratores que foram citados e em ordem crescente comecei com uma lunetinha de 40mm e com ela fiz as minhas primeiras e inesquecíveis descobertas nas observações do anel de saturno destacado do globo do planeta, as luas de jupiter mudando de posição noite após noite, as fases de vênus, a topografia lunar e as manchas solares com as devidas precauções. Depois passei para um refrator Tasco 12TE-5 de 60mm F/12, depois outro Tasco de 76.2mm F/15, e outro Tasco de 80mm com o F/15, e ainda mais um Tasco de 90mm F/10, e finalmente um refrator de 103mm de abertura e 1575mm de distância focal (F/15).
Não posso deixar de lembrar os grandes observadores como Beer e Madler que com um refrator de 95mm fizeram o primeiro mapa completo de marte, do astrônomo Comas Solá que fez o primeiro mapa de marte na espanha usando um refrator de 100mm ou a dupla Juan Planas e Gual que fizeram excepcionais desenhos de marte usando um refrator de 90mm.
E não podemos deixar de mencionar os pioneiros e conceituados observadores tais como Cassini (o seu melhor instrumento com o qual descobriu a forma e a divisão nos anéis de saturno, a sua lua titã e mais tarde outras duas, as faixas equatoriais em jupiter e o trânsito de suas luas além de manchas em marte tinha apenas 5,1cm de abertura), do seu sobrinho Maraldi, de Huygens e Fontana, que entre os anos de 1600 e 1700 se valeram de lunetas com objetivas de 2 a 3 polegadas de diâmetro, apesar de mais tarde aparecerem instalados em altos campanários ou em torres de castelos preciosidades de 3 polegadas com objetivas melhor polidas e montadas em tubos constituídos de cobre e bronze, ou alguns raríssimos modelos banhados a ouro e que reis cultos e astrônomos reais exibiam nos ricos palácios das côrtes européias em meados do século XVI e fins do século XVII a uns poucos privilegiados. Esses instrumentos eram e ainda são considerados preciosidades.
Se naquela época esses pioneiros das observações astronômicas que fundamentaram as bases da astronomia moderna tivessem utilizado instrumentos como os que temos em mãos, se Galileu tivesse apontado um simples refrator como os de hoje de apenas uns 50mm ou 60mm para o céu, torna-se impensável o espanto e o "estrago" que teriam causado os relatos das imagens observadas. Honestamente não temos do que reclamar. E nunca podemos nos deixar levar por pensamentos tais como os de que os instrumentos de que dispomos hoje com aberturas de duas a quatro polegadas sejam pequenos e pouco podem fazer. Isso é um erro pois a astronomia observacional depende principalmente da acuidade visual e da capacidade de interpretação do observador. E a observação sistemática também é essencial, incomparávelmente superior a observações esporádicas. O acompanhamento visual através de instrumentos noite após noite nos torna mais familiares os detalhes planetários, como que uma memória visual que vai se formando e que acaba tornando o planeta estudado num velho conhecido.


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Observações de marte. Empty Re: Observações de marte.

Mensagem  Bruno Seg 09 Jan 2012, 22:32

A observação de marte com refratores de 100mm.

Para o estudo de marte o aperfeiçoamento das objetivas de lunetas com 100mm de abertura contribuíram definitivamente na primeira realização com êxito de se estabelecer as suas principais configurações escuras e as calotas polares, além de algumas eventuais manchas esbranquiçadas nas regiões áridas e alaranjadas dos desertos marcianos e nuvens cirros nas proximidades do limbo e do terminador desse planeta.
Objetivas de 10cm de diâmetro eram sempre um empreendimento mal sucedido. As imperfeições e as aberrações persistiam principalmente em função da dificuldade de se produzir uma boa objetiva com esse diâmetro, e com apenas um elemento na sua composição não era suficiente para redirecionar os raios luminosos refratados em um único foco.
Outro agravante é que se utilizavam chumbo na composição do vidro durante a sua confecção. A opacidade também era um problema até descobrirem isso e diminuírem a sua porcentagem no vidro transformado em lente.
Na inglaterra no século XVIII apareceram excelentes refratores ingleses de 10cm de abertura da marca Grubb, e com um desses o astrônomo espanhol Comas Solá desenhou o primeiro mapa completo de marte na Espanha. Foi a época dos dubletos acromáticos de Clark, duas lentes de vidro separadas por uma ínfima distância entre elas contendo apenas ar (as air-spaced). Os raios luminosos ao passarem corrigidos pela segunda lente eram direcionados o mais próximo possível a um único ponto focal, e quanto maior a distância desse ponto focal, melhores ficavam os contrastes nas imagens além de praticamente anular a aberração cromática pois os reflexos multicoloridos ficavam esmaecidos devido à grande distância entre a objetiva e a ocular, dando espaço para proporcionar o avistamento de tons e semi-tons nas cores das configurações escuras da superfície marciana. Em uma observação realizada com o meu Jaegers, ví durante bastante tempo colorações róseas-esverdeadas nas tênues configurações que conseguí observar em 2011. Não consigo definir melhor do que afirmar que marte apresentava-se alaranjado no seu disco, a calota polar branca estava evidente assim como um "colar" negro que a circundava, e as regiões que apresentavam escurecimentos apresentavam prolongamentos ou tênues ramificações que foram melhores vistas quando usei um aumento de 175x, pois quando eu ultrapassava esse limite (usando 242x) ou descia (com 157x) as configurações tornavam-se apenas escuras e com as ramificações mais tênues também com a mesma coloração escura, e as nuances róseas-esverdeadas desapareciam. Não conseguí compreender esse fenômeno, a não ser que 175x de aumento esteja perto do máximo de aumentos indicado para a observação de marte com a minha objetiva de 103mm que no caso seria de 206x no máximo o ideal, ou seja, 2 x o diâmetro da objetiva em milímetros.
Nos anos de 1950, 60, 70 e meados de 80, os telescópios refratores de 100mm e F/15 como o Unitron/Polarex, Towa, Tasco, Meade, Astrophysics, assim também como as objetivas Zeiss, Jaegers e D/G foram verdadeiras obras primas, refratores acromáticos contendo dubletos de lentes de grande alcance e produzindo excelentes contrastes por causa das distâncias focais longas, com 15x o diâmetro das objetivas proporcionando um estudo melhor das imagens planetárias e lunares aproximando-os dos apocromáticos em termos de contrastes e ainda com boas imagens de céu profundo quando utilizados com oculares de grandes distâncias focais.
E em relação aos refratores com também com 100mm de abertura, a não ser que sejam apocromáticos (pioneiramente desenvolvida por Franhoufer com uma justaposição tríplice de lentes e hoje com objetivas compostas por até quatro elementos), se tiverem um F menor do que 15 precisarão de um filtro bloqueador de violeta e até mesmo filtros polarizadores com uma transmissão mais baixa. No caso desses refratores de 100mm, 120mm, 135mm e até 150mm com distâncias focais menores do que 10 vezes o diâmetro da objetiva, irão precisar de um bom filtro bloqueador de violeta.
Já esses compactos de 150mm da Skywatcher por exemplo, se não se valerem de uma enorme e dispendiosa variedade de filtros bloqueadores de violeta e atenuadores de aberração cromática (V-Killer, V-Block e etc... .) durante uma sessão de observação de marte, um observador com um refrator desses e que por causa da grande abertura porém uma distância focal curta, ao colocar o olho na ocular o observador terá a impressão de estar dentro de uma discoteca tamanha a profusão de reflexos multi-coloridos nas imagens.
E também para que essa disputa sobre quem tem o refrator com maior abertura tem o melhor, e me recordando de uma experiência recente que se passou comigo, percebí visualmente que mesmo munido de filtros específicos para a observação de marte, a diferença entre um refrator de 100mm e outro de 70mm é que apesar de com o de 100mm o observador irá ter inerente à sua maior abertura um maior poder de resolução e verá mais detalhes do que o de 70mm, um refrator de 70mm pode não alcançar a resolução e os aumentos superiores como os de 100mm mas dentro do seu poder de resolução e da sua capacidade inerente ao diâmetro da sua objetiva, marte poderá apresentar-se nele como uma bela miniatura com aumentos entre 100x durante as oposições, e com 140x na condição dele ter um F 15, caso contrário, se ele tiver um F entre 10 a 12 e que tenha sido fabricado por uma marca conceituadada, sem esquecer de uma boa e firme montagem equatorial e com boas oculares aliadas a filtros reforçadores de contrastes, 140x de aumentos poderão serem utilizados mantendo nas imagens uma coloração bastante realista. Nesse caso ilustrativo citando um refrator de 70mm nos mostra que uma vez respeitados os limites que o diâmetro da sua lente permitem dentro de determinados aumentos que variam de um astro para outro, porém nos planetas que apresentam um baixo contraste nas suas configurações grandes aumentos são sinônimos de frustações com imagens parecendo um borrão indefinido não importando o tamanho da objetiva. E sem deixar de lembrar também que a acuidade visual do observador e principalmente o respeito às leis que regem a relação objetiva x aumento máximo recomendado nos proporcionam imagens que serão pequenas jóias. O tamanho da objetiva não significa necessáriamente nitidez ao se observar marte. São os contrastes na superfície marciana que deverão receber a máxima atenção por serem tênues e necessitarem para se obterem sucesso nas observações instrumentos com uma distância focal longa, ou no caso de instrumentos com um F entre 10 e 12 os filtros especiais reforçadores de contrastes adequados ao seu estudo ajudarão sobremaneira, conjuntamente com o uso de aumentos adequados às características do mundo que se está estudando, pois ele é um planeta rochoso e com uma atmosfera.
São por diversas vezes que fatores como esses que às vezes passam despercebidamente, os que acabam por determinar o sucesso ou o fracasso na obtenção de imagens desse planeta "genioso", seja através de um refrator de 70mm ou um de 100mm.
Tamanho mal empregado não é documento, só ajuda efetivamente na qualidade do contraste, mas que pode de certa forma ser imitado por um instrumento com dimensões mais reduzidas e com um F mais curto, desde que se respeitem os limites impostos pelo alcance proporcional ao diâmetro da objetiva e em função da distância focal dela, além de alguns filtros específicos para delimitarem com mais nitidez as regiões mais claras e as mais escuras na superfície desse planeta.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:39, editado 4 vez(es)
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Mensagem  Admin Ter 10 Jan 2012, 16:33

Depois de alguns dias nublados, eis que abre para Marte. Eram quase duas da manhã e resolvi montar o CPC 1100...
Depois de tanto trabalho tive uma observação um pouco frustante. Não consegui fotografar e nem se quer fazer uma observação razoável. Com a ocular de 40mm quase sem chance de perceber alguma coisa. Tentei uma de 17mm e melhorou um pouco mais, tive a impressão de ter visto a calota polar.
Preciso fazer mais observações desse guerreiro para acostumar a visão e ter um melhor aproveitamento das observações.

Abraços e boas observações!


Última edição por Admin em Qui 19 Jan 2012, 15:39, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Bruno Ter 10 Jan 2012, 17:32

Olá parceiro, não se aborreça!
Antes do dia 15 de março próximo marte praticamente não apresentará com detalhes as configurações escuras mais evidentes tais como Acicalia Planitia e a região do golfo próxima a Syrtis Major com facilidade pois ainda está relativamente longe e por causa do seu reduzido diâmetro aparente ainda.
Paciência, esse é o requisito mais solicitado na observação do guerreiro.
Espere até o dia 15 e dê uma conferida utilizando um aumento de 1.5x o diâmetro da objetiva em milímetros ou no máximo 2x. Preste atenção nos matizes das configurações e procure identificar variações de colorações, além do "colar" negro que circunda a calota polar norte.
E espere o show que ele vai dar à partir do dia 1º de março até o fim da segunda quinzena de abril. Será um verdadeiro desfile de configurações pelo meridiano central do planeta e com ele na sua máxima aproximação da terra.
Tenho certeza de que você obterá sucesso.
Boa sorte!


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Mensagem  Bruno Ter 10 Jan 2012, 20:04

Olá de novo parceiro(s).
Quase que como uma regra geral a primeira ou as primeiras observações de marte são frustantes, decepcionantes até. São necessárias longas esperas pois muito antes da oposição ele se mostra como um mundo pequeno e ainda bastante longe, indo e voltando por causa de seu movimento retrógrado.
Estive pensando na sugestão que fiz na postagem anterior e creio que por você ter aí instrumentos com grandes aberturas, sugiro uma mudança de planos e você experimentar apenas aumentos da ordem de 1 x a 1.5x a abertura em milímetros disponível do instrumento no máximo, pois apesar do seu refletor de 11 polegadas não sofrer de aberração cromática, por causa do F curto ele é demasiado luminoso. No seu caso que utiliza refletores não esqueça a obstrução do secundário que provoca uma sombra no centro do espelho primário, então por exemplo, um refletor de 200mm tem na realidade um espelho com cerca de até uma polegada e às vezes mais de obstrução na sua área total refletora disponível, e que será reduzida por uma sombra no centro do espelho primário, por causa das sombras do espelho secundário com o seu suporte e a aranha nele.
Faça esse teste de utilizar o coeficiente de 1 x a 1.5 x, pois os seus instrumentos podem proporcionar de 250x a 300x de aumentos em marte com sucesso, e esse é um aumento próximo do ideal para observar sem muita dificuldade a maioria dos seus principais detalhes.
No dia 15 de janeiro de 2012 marte estará a pouco menos de 140 milhões de km, e mesmo faltando uns 60 milhões de km para a oposição, por volta das 03:30hs da madrugada ele estará quase no zênite e no meridiano central teremos o trânsito da região de Acidalia Planitia ao sul da calota polar e se estendendo até ao equador, e depois dele mais ao sul de leste a oeste as regiões de Terra Meridiani, Margaritifer Terra, Nereidum montes e Solis Planum estarão como que unidas em uma única configuração escura, e as calotas polares mostrarão o grande ângulo de inclinação axial do planeta.
Experimente então o ceficiente 1x o diâmetro da objetiva em mm no seu refletor e depois a gente faz uma avaliação de quais os detalhes que foram observados e com que grau de nitidez.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:40, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Bruno Qua 11 Jan 2012, 20:04

Parceiros, nessa história de se conseguir imagens de marte com uma boa qualidade, me lembrei de uma história que poderá elevar o nível das nossas observações.
O astrônomo Pickering aproveitando a ausência do seu superior na direção de uma grande observatório, resolveu estudar a luz do planeta marte e descobriu que ela não é polarizada.
Isso quer dizer que a sua luz não sofre nenhum estímulo apesar da luz solar refletida por ele, e consequentemente não há um retorno linear e plano até aos nossos olhos e instrumentos.
Vou experimentar observar marte na primeira ocasião favorável utilizando apenas uma ocular associada a um filtro polarizador da GSO com uma boa transmissão de luz como o que eu tenho aqui.
Vou tentar colocar em um só plano essa luz marciana disseminada no espaço.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:41, editado 3 vez(es)
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Mensagem  Admin Sex 13 Jan 2012, 10:55

Olá Bruno.

Agradeço pelas dicas e incentivo.
Pena que em março por aqui estará chovendo, pelo menos são essas as previsões.
Acredito que a observação de marte é isso mesmo, necessita um pouco de paciência e adaptação. Lembro que quando observava Júpiter pelas primeiras vezes, também tinha uma sensanção de não ver lá grandes coisas Shocked , mas com o tempo e um bom equipamento a gente vai aprimorando e destacando pontos importantes daquilo que se vê no astro.

Vamos esperar!

Abraços!


Última edição por Admin em Qui 19 Jan 2012, 15:38, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sex 13 Jan 2012, 17:23

Sim senhor, vamos aguardar e já estou elaborando um diagrama aqui com todas as configurações possíveis de serem observadas em marte dia após dia até a oposição, e dentro das características dos nossos telescópios.
Em breve eu faço a postagem aqui pois dá um pouco de trabalho.
Valeu e um abraço.
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Mensagem  Bruno Sex 13 Jan 2012, 20:41

Lendo uma sábia (como sempre) resposta dada pelo usuário parsec lá do Cosmofórum (o camarada tem respostas pra tudo! Shocked) sobre como poder evitar ou pelo menos minimizar os reflexos internos "fantasmas" nas oculares do modelo Huygens, resolví dois problemas de uma só vez: À partir de agora usarei sempre o meu filtro polarizador da GSO na minha ocular Huygens de 8mm (196x) para obter um aumento próximo do ideal máximo para eu observar marte (ou seja, 2x o diâmetro da objetiva em mm). Honestamente eu já previa essa resposta, inclusive eu falei disso sobre a experiência que o astrônomo Pickering fez e descobriu que a luz refletida de marte não é polarizada, e agora confirmado pelo parsec do CF de que é assim que se pode resolver aquele problema nas Huygens então acabou a discussão pra mim.
Na minha luneta (refrator) que tem uma abertura livre de 103mm serão então 206x de aumentos no máximo os que poderei utilizar em marte. E esse coeficiente serve para todas as aberturas no caso de se observar marte numa oposição através de refratores, e se tiverem um F entre 10 a 11 usem também um filtro reforçador de contrastes, o Baader por exemplo é excelente.
E deixar o planeta naturalmente aumentar o seu diâmetro aparente sozinho e aos poucos enquanto se aproxima da terra. Para observarmos o planeta marte numa oposição utilizando refratores nunca devemos forçar nos aumentos, os seus contrastes são por natureza tênues e difusos, daí o uso dos filtros polarizador e um reforçador de contrastes.
Eis a chave: com método poderemos observar marte com clareza e precisão, e então trabalhando juntos aqui no fórum o nosso esforço e registros juntos poderão "estraçalhar" esse misterioso planeta na próxima oposição! Twisted Evil


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Mensagem  Bruno Qua 18 Jan 2012, 15:56

Quem dispuser de tempo e se a atmosfera ajudar tente observar marte na próxima madrugada de quinta-feira (19/01/2012), e até poderá testar a diafragmação da objetiva citada em um outro tópico aqui no AF com mais detalhes para tentar melhorar os contrastes entre as configurações na superfície marciana pois nessa próxima madrugada de 03:00hs em diante interessantes detalhes poderão serem observados nele. E não adianta forçar nos aumentos pois isso não vai ajudar, o que vai ser útil será dar uma reforçada nos contrastes.
Fica aí mais uma dica.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:42, editado 1 vez(es)
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Mensagem  Bruno Qui 19 Jan 2012, 07:31

Observação de marte
19/01/2012

-Hora: início 04:00hs (TU 07:00hs)/ término 05:30hs (TU 08:30).
-condições atmosféricas: máxima de 23º UR 30% CPTEC/INPE, transparência de boa a ótima. Alto estrato e cirros a sudoeste.
-instrumento: Luneta refratora Jaegers 103mm F/15.
-oculares utilizadas: 4mm (393x), 6.5mm (242x), 8mm (196x), 9mm (175x), 10mm (157x) e 15mm(105x).
-Filtros: 21-laranja, 11-amarelo/verde, polarizador GSO.
Primeiramente devo salientar que as imagens apresentavam um tamanho aparente pequeno, cerca de 1/3 a 1/4 o tamanho de jupiter durante a oposição usando os mesmos aumentos como comparação, porém no caso desse planeta a sua dimensão aparente será ainda bem mais aumentada daqui a uns 30 a 40 dias durante a aproximação máxima.
Não fiz ainda o uso do diafragma na objetiva para primeiro ver até onde poderia ir com a abertura total.
Comecei então a sessão de observação armado com 105x de aumentos, com marte se mostrando como uma pequena miniatura com a calota polar bastante brilhante e as configurações visíveis mas apenas como uma mancha porém bastante escura. Não consigo definir qual o matiz ou tom dessas áreas que apresentavam escurecimentos. Nem negro, nem cinza, nem os dois, muito esquisito mesmo.
Mesmo subindo para 157x até 196x as imagens não acrescentaram quase nada além do que eu vía nas configurações escuras com 105x porém um pouco mais extensas entretanto mais tênues na sua coloração, além de poder notar que o eixo do planeta estava bem inclinado.
Continuei forçando o F/15 e subí para 242x e ví a calota polar delimitada ao sul por uma linha escura que se fundia numa grande área escura também (Acidalia Planitia) que começava na borda sul da calota Planum Boreum descendo e terminando perto do equador e passando bem em cima do meridiano central e se alargando a sudeste e a leste até Xanthe Terra e Lunae Planum, e a sudoeste terminando em Protonilus Mensae. A noroeste também pude perceber a região de Arabia Terra. Mais ao sul do equador Margaritifer Terra e Capri Chasma fundiam-se numa configuração só e apesar de um pouco esmaecidas nos contornos ou nas bordas dessas regiões essas configurações estavam delineadas de leste a oeste no disco de marte tendo ao seu redor as regiões alaranjadas. À propósito, a forma do disco do planeta não apresentava-se completamente redondo mas apresentando uma ligeira fase a oeste. As áreas claras tinham uma coloração levemente rósea e alaranjada.
A imagem estava razoável com até 242x porém a luz não polarizada de marte espalhava uma coloração alaranjada além do limbo, esse planeta é muito brilhante, e assim tingindo levemente o céu de fundo que perdeu um pouco do seu contraste em relação ao limbo do planeta por não apresentar-se completamente negro, porém não houve presença de aberração cromática significativa pois não houve nenhum sinal de cor violeta nas bordas da imagem, apenas esse alaranjado espargindo do disco de marte.
Não resistí e me lancei junto com o F/15 ainda mais em direção a marte e aumentando a potência de forma absurda, utilizando uma ocular de 4 mm e subindo para 393x e fiquei surpreso e espantado com o que eu ví, pois as configurações escuras continuaram com o mesmo contraste acrescidas de tons esverdeados e ainda nuances róseas nas áreas claras.
A calota polar branca estava muito bem delineada por uma linha escura e irregular da qual a nítida região de Acidalia Planitia se estendia em direção ao sul do hemisfério norte terminando bem perto da zona equatorial, e exatamente sobre o meridiano central do planeta.
Essas configurações mais evidentes não apresentaram dificuldades para serem identificadas num mapa simples de marte.
Foi incrível eu ter uma imagem com o fundo do céu negro e as configurações mais evidentes bem visíveis com 393x de aumentos, além de ver com nitidez uma estrela de fundo que se encontrava a leste do planeta.
Com inadmissíveis (?) 393x de aumentos para o tamanho da minha objetiva e sem filtros, misteriosamente esta foi a observação mais decente que eu já fiz de marte até hoje, com os detalhes mais evidentes embora ainda um pouco difusos indiscutivelmente reconhecíveis. Apesar de seu pequeno tamanho, da distância em que ainda se encontra (uns 100 milhões de Km) e do aumento elevado que utilizei além do limite (contrariando todas as regras), essas imagens que obtive foram muito empolgantes e animadoras.
Mais um mistério marciano!
Agora na próxima observação eu farei os testes usando um diafragma de 79mm na objetiva aumentando o F do meu Jaegers de 15 para F/20. Depois eu relato os resultados.


Última edição por Bruno em Sáb 21 Jan 2012, 17:17, editado 2 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sex 20 Jan 2012, 00:02

São 00:22 do dia 20/01 e estou tentando esperar marte se elevar a uns 45º por volta das 03:00hs. Se eu conseguir aguentar manter ao menos um dos olhos abertos (já que na ocular só preciso de um só mesmo) tentarei de novo observar agora mais a oeste a região ao sul da calota Planum Boreum mais a oeste, a Acidalia Planitia e a região Margaritifer Terra, Capri Chasma e Nereidum Montes formando uma única e extensa configuração no sul do hemisfério sul de marte. Terminando no meridiano central e vindo do leste irá aparecer a região do Golfo, anunciando a vinda de Syrtis Major.
Tentarei também verificar se o "colar" negro ainda delimita a borda sul da calota Planum Boreum.
Não tive tempo de fazer o diafragma de 79mm e passar o Jaegers para F/20, mas irei de novo de 4.1/8" e F/15 armado com 393x de aumentos e usar no máximo um filtro #11-amarelo verde por causa das colorações esverdeadas que ví ontem e do clarão pouco abaixo da região polar norte. Não creio ainda ser possível ver nuvens e ainda por cima cirros na atmosfera marciana por causa da distância ainda grande que nos separa.
Vamos ver se aguento esperar, pois ainda são agora ainda 01:02h do dia 20, e os meses da maratona de madrugadas em 2011 por ocasião da oposição de jupiter feitas religiosamente e no inverno, me deixaram baqueado.


Última edição por Bruno em Sex 20 Jan 2012, 14:49, editado 3 vez(es)
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Mensagem  Bruno Sex 20 Jan 2012, 13:47

Apesar de ontem eu não ter conseguido esperar marte subir a pelo menos 45º, sem medo de errar eu aposto que em se tratando de planetas rochosos pode-se extrapolar nos aumentos em aberturas moderadas, pois jamais iria conceber dentro dos meus princípios de respeitar a todo custo o coeficiente máximo de aumentos, sempre fui inflexível quanto a isso mas parece que aí reside uma grande diferença na observação visual entre os planetas rochosos e os gasosos. Ao observar marte com 393x eu via uma outra terra sem sombra de dúvidas, enquanto em jupiter com o mesmo aumento eu via um borrão de gás gigantesco.
Vou providenciar logo o diafragma e aumentar o meu refrator de 4.1/8 polegadas para F/20 e ver o que acontece com os contrastes, pois se forem melhorados mesmo à custa da perda de alguma luminosidade, estarão melhores delimitados podendo então ficar mais fácil reconhecer a extensão das configurações na superfície marciana.


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Mensagem  Bruno Sáb 21 Jan 2012, 03:53

21/01/2012
São 04:31 e já faz uma hora que estou a observar (e sóbrio!) uma camada estratificada avermelhada que cobre o céu em todos os quadrantes e esperando ardentemente que ela vá para o raio que os partam (isso é que me quebrou por ficar 5 meses levantando às 3 e meia todas as madrugadas para observar jupiter e raramente ter um céu bom) para eu então fazer os testes com o diafragma na objetiva do meu velho Jaegers e assim passar ele de F/15 para F/20. Aproveitei um baffle de uns restos de um refrator de 131mm que eu tinha colocando-o na boca do tubo e ao invés de reduzir a abertura total livre da objetiva de 103mm para 79mm, eu diminuí uma polegada (de 4" para 3") ficando com 76.2mm que por sorte era exatamente o diâmetro do orifício no baffle. Fica assim uma regra mais fácil de estabelecer como um ideal de diafragmação para um refrator de abertura moderada, entre 70mm e 100mm, ou seja, diminuir em uma polegada a abertura total livre da objetiva afim de melhorarem os contrastes na observação da superfície de planetas rochosos, e por também automáticamente atenuarem o brilho deles pois estes planetas (mercúrio e marte) são muito brilhantes. Mercúrio é um velho e difícil companheiro que em suas enlongações chama a atenção mesmo com vênus por perto num fim de tarde, e na oposição de 2003 marte a olho nu parecia um tição vermelho acêso no alto do céu na escuridão do espaço.
Mas hoje o céu está mais vermelho do que ele... .
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Observações de marte. Empty Re: Observações de marte.

Mensagem  Bruno Sáb 21 Jan 2012, 22:15

Nessa madrugada do dia 22/01 farei outra tentativa de observar com o meu refrator de 4 polegadas e agora F/20 em verificar se haverá uma melhora no sentido de acentuar mais os contrastes da superfície marciana com o uso do diafragma. Com a abertura total as regiões alaranjadas apresentaram nuances rosadas, porém ainda me pareceu que havia um pouco de brilho excessivo nesses "lampejos róseos". A coloração alaranjada atenuada com o diafragma pode ajudar a definir a coloração mais próxima do real dessas áreas, haja visto que esse planeta de aspecto envelhecido tem uma coloração avermelhada no solo. As imagens que obtive com 393x lembravam em muito a coloração dos desenhos de marte encontrados no pequeno livro "Exploração dos planetas" de Ian Nicolson na coleção de livros da série PRISMA. O que eu constatei foi uma mistura de cor laranja e vermelho com lampejos róseos nas áreas mais claras, e talvez cinza-esverdeado nas configurações escuras, difícil mesmo de definir.
Se o aumento de contraste for bem suscedido com o aumento da razão focal através da diafragmação poderei chegar mais perto da coloração real desse planeta. Farei o uso de uma diagonal dielétrica para maior fidelidade nas imagens refletidas pelo espelho dela, e também observações diretas sem a diagonal.
Vamos ver se o céu que ainda se encontra coberto por uma bruma avermelhada em quase todos os quadrantes, com excessão do noroeste e norte me seja propício.
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Mensagem  Admin Sáb 21 Jan 2012, 23:16

Na minha última observação de Marte com o CPC 1100 e uma ocular de 40mm eu percebi uma com alaranjada e ao trocar a ocular por uma de 13mm percebi a cor alaranjada para o marron com leves toques de vermelho.
Boas observações Bruno!
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Mensagem  Bruno Dom 22 Jan 2012, 02:12

22/02/2012
Observação de marte (1ª parte).
Ok parceiro, são agora 03:08 e estou a caminho do meu F/20 diafragmado pronto para decolar em direçao ao planeta vermelho. O céu aqui está excepcional. Vamos ver se agora conseguirei definir melhor a tonalidade das cores na sua superfície rochosa.
Depois eu volto e faço um relato.
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Mensagem  Bruno Dom 22 Jan 2012, 17:41

22/01/2012
continuação das observações de marte (2ª parte).

Agora entendo porque o astrônomo Percival Lowell, um dos principais observadores desse planeta e que usava um refrator de 61cm teve um sério distúrbio nervoso e ficou 4 anos sem fazer observações de marte.
De 03:30 até as 05:30 apesar de a transparência do céu estar magnífica, eu quase entrei em desespero pois marte com ou sem o diafragma lançava uma luminosidade alaranjada em forma de raios difusos por todo o campo da ocular de 6.5mm (242x) e 4mm (393x).
Durante a sessão de observação eu desmontei a ocular plossl de 4mm e limpei as lentes uma por uma por duas vezes e os reflexos luminosos continuavam. Quando eu passava de 196x de aumentos começava a tragédia.
Por fim, às 05:40 e já com o céu começando a ficar azul foi que consegui observar por uns 10 minutos marte de forma decente.
As configurações escuras não estavam tão evidentes quanto da última vez que eu o observei, porém a calota polar, a região de Acidalia Planitia ao norte, e Margaritifer Terra, Capri Chasma e Nereidum Montes estavam bem visíveis e apresentavam uma coloração cinza-esverdeada e o mais interessante é que as áreas que antes se apresentavam alaranjadas adquiriram uma coloração semelhante quando vemos um terreno constituído por minério de ferro observado a uma grande distância.
Foi uma observação de uns 10 a 15 minutos no máximo porém muito interessante.
Quanto à eficiência ou não no uso do diafragma ainda continua com resultados inconclusivos.
Terei de observar mais vezes. Espero não ter uma ataque de nervos como aconteceu com P. Lowell pois esse planeta é muito difícil, parece que ele acha que a gente é de ferro também!


Última edição por Bruno em Qui 26 Jan 2012, 22:47, editado 3 vez(es)
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