Observações da Lua.

31/05/2012
Observação da lua.

Hora: 00:00 UT
Instrumento: refrator acrom. Jaegers D:103mm F:1575mm
Ocular: Grubb 15mm (105x) e WA Expanse 6mm (262x)
Cond. atmosféricas: UR 25% sem nuvens, com jatos de ar intermitentes na troposfera.
Objeto de estudo: Cratera Copérnico.
Essa grande cratera de impacto se mostrou no campo do refrator como que encravada numa região coberta por derrames de lava constituída por basaltos (o Oceanus Procellarum). Medindo mais de 90 km de diâmetro e com uma profundidade de até 4 km, a sua forma hexagonal é evidente logo à primeira vista, e ao seu redor mais a oeste a área está crivada de inúmeros poços crateriformes espalhados num inexplicável padrão. Gigantescas montanhas escarpadas constituem as bordas dessa cratera de formato singular e formada por declives com até 30.000 metros de extensão. No interior de Copérnico cinco brilhantes montanhas que se elevam a mais de 1 km de altura apresentaram-se separadas (resolvidas) e nítidas no fundo dessa cratera, e demarcavam o seu centro ou a área central do impacto, projetando as suas sombras nos vales entre elas e terminando projetadas em direção ao terminador lunar. Com os raios solares numa direção oposta, a capa de ejetos começava a ficar mais nítida e parecendo ser constituída por uma "fina" camada parecida com um pó brilhante, espalhado como raios em todas as direções.
A morfologia interna das paredes dessa cratera mostra que elas são delineadas por platôs que descem até ao piso. Mesmo vista quase de cima essa cratera possui nítidamente a aparência de uma "arena", como aquelas na Grécia antiga, e que assim foi acertadamente descrita por Jean Nicolini. O piso no seu interior parece que foi mais revolvido ao sul, talvez devido a uma pequena inclinação na hora do impacto que originou a cratera. Diferente da área ao seu redor por ser uma cratera recente (cerca de 800 milhões de anos) ela não possui lava em seu interior, pois foi criada posteriormente ao derrame de lavas que formou o Oceanus Procellarum, porém ela apresenta o regolito (camada superficial da lua) no seu interior escavado mostrando assim uma grande área do interior da crosta lunar. Apesar de o limite teórico máximo de aumentos desse velho refrator ser de 257.5x, forcei e ultrapassei esse limite subindo para 262x (4.5x além do limite dele) com uma WA Expanse de 6mm e 66º de campo, e para a minha surpresa a nitidez e o contraste das imagens no F/15 estavam irrepreensíveis, impecáveis, sem o menor vestígio de nenhuma coloração violeta ou de qualquer outra cor que indicasse o menor sinal de aberração cromática, nem no limbo onde eu podia ver alguns cumes de montanhas sumindo atrás da curvatura do horizonte lunar, e nem no terminador que também apresentava o céu de fundo negro. Vez ou outra as imagens ondulavam sob a interferência dos jatos (rajadas) de ar intermitentes nas camadas mais altas da nossa atmosfera. Tenho certeza que se o instrumento utilizado e as condições atmosféricas permitirem o uso dessa cifra de aumentos (262x) ou algo em torno disso (umas 250x) e mantendo o alvo (a cratera Copérnico) no centro do campo pois isso é essencial no caso dessa WA, que apresenta "fantasmas" por causa do brilho excessivo da lua. Na observação lunar, a visão obtida com uma ocular de curta distância focal como essa WA de 6mm e 66º de campo é uma experiência impactante. É inacreditável a quantidade de detalhes que se observam para onde quer que se olhe no campo dessa ocular, são crateras de todos os tamanhos, crateras dentro de crateras (cheguei a contar 41 crateras de menor porte no interior da cratera Clavius e 4 em Platão), ranhuras, vales, montanhas escarpadas, cordilheiras, derrames de lavas com cristas de enrugamento como ondas nos mares lunares, picos isolados projetando sombras pontiagudas, enfim, não dá para enumerar, só vendo mesmo.