Maratona planetária.
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Maratona planetária.
Observação visual
Data: 06/04/2016 - 07/04/2016
Alvos: jupiter, marte e saturno.
Hora: início 20:30hs UTC 23:30 - término 01:00hs UTC 03:00
Localização: 19° 42' 03" S 43° 57' 18" O
Instrumento: Luneta acromática - objetiva Jaegers 103mm (4.1/8") d/f 1.575mm - F/D15.4 - montagem EQ3-2.
Acompanhamento manual.
Oculares: WA 6mm (262x), Vixen NPL 8mm (197x), Plossl Séries 500 10mm (157x).
Condições atmosféricas: névoa seca a SE/S/SO - temperatura 23ºC - umidade 56% - pressão atm. 1015 hPa - vento: E-NE 05km/h
Seeing: Esc. Pickering estimado entre 9 e 10, com as estrelas mostrando anéis de difração estáticos acima de 30º.
Jupiter: Com esse planeta a uns 70º e se aproximando do meridiano celeste, com apenas 157x o gigante gasoso se mostrou com muitos de detalhes. Inicialmente as duas zonas polares (SPZ e NPZ), a difícil faixa polar sul (SPB), a faixa temperada sul (STeS), a faixa equatorial sul (SEB), a faixa equatorial (EB), a faixa equatorial norte (NEB), a faixa temperada norte (NTB) e a temperada norte do norte (NNTB). Os detalhes mais notáveis foram nas faixas equatoriais e na zona equatorial. Na faixa eq. sul a GMV/GRS estava com a tradicional forma oval de coloração castanho escuro, e parecendo mais a leste dentro da Baía da Grande Mancha. De tempos em tempos a Grande Mancha Vermelha parece ora se adiantar, ora se atrasar em relação à baía, e esta na borda sul da faixa equatorial sul mostrava a curva interna de coloração castanho escura, mais ou menos com as mesmas dimensões semelhantes à da GMV/GRS (algo entre 80.000 a 120.000 Km) de extensão. O interior da faixa eq. sul estava dividida por fendas (Rifts) e estrias ou flóculos esbranquiçados por toda a sua extensão. Subindo para 197x as imagens continuavam nítidas e os detalhes mais internos na faixa eq. sul ficaram ainda mais evidentes. Forçando o limite do aparelho com 262x, a oeste da GMV/GRS a fenda (Rift) na SEB parecia se enrolar formando o que parecia uma "trança" esbranquiçada, e que antes de chegar no limbo leste se afunilava tornando a se alargar nas proximidades da borda do disco. Julguei ter visualizado a mancha oval BA a nordeste da GMV/GRS, porém outra mancha oval (WOS) se destacava mais ao sul dela (mais precisamente a sudeste da GMV/GRS), então fiquei em dúvida sobre qual das duas era a mancha júnior pois eram muito semelhantes e estavam relativamente próximas. Na zona equatorial (EZ) a faixa equatorial (EB) era visível de um limbo ao outro, porém entrecortada ou com algumas falhas, e de coloração um pouco mais clara do que as outras faixas que se mostravam cinza-grafite. Dois festões (Festoons) de coloração cinza-azulada partiam da borda sul dessa faixa, formando o que parecia ser um arco em direção ao leste, fazendo uma curva para o sul por dentro da zona equatorial e voltando a tocar a borda sul da faixa eq. norte onde terminava.
A faixa equatorial norte por sua vez mostrava uma grande irregularidade na borda norte próxima do limbo leste, e durante o trânsito da GMV/GRS duas manchas ovais escuras (DOS) eram visíveis na borda sul da faixa a leste e a oeste do meridicano central (MC). Por alguns momentos visualizei uma pequenina mancha oval branca na borda norte da faixa equatorial norte, mas depois confirmei ser uma lua que realizava um trânsito diante do disco, e que projetava a sua pequenina sombra negra na mesma borda da faixa só que mais a leste, exatamente ao contrário da direção de onde a luz solar incidia vinda do oeste. As duas bordas (norte e sul) mostraram irregularidades por toda a extensão da faixa eq. norte. Depois do trânsito as 4 luas ficaram alinhadas com uma estrela de fundo, dando a impressão de se ter no campo 5 luas visíveis.
Marte: Com o planeta a uns 50º sobre o horizonte e brilhando muito, com apenas 150x já dava para visualizar a planície de Hellas muito brilhante na região polar sul. Elevei o aparelho para 197x e Syrtis Major Planum foi mais visível entrando pelo limbo leste no hemisfério sul do planeta, tendo outras configurações escuras de coloração cinza-esverdeada ainda mais a sudoeste como Lybia Montes, e mais a oeste Thyrrena Patera e Hesperia Planum. Devido ao seeing excepcional e procurando uma maior aproximação subi de novo para 262x com a ocular WA de 6mm e ele respondeu com sucesso, e com boa nitidez observei a noroeste de Hellas Chaos a planície de Hellas que se mostrava extremamente branca e brilhante, parecendo mesmo ser uma capa polar sul.
No extremo sul polar Planum Chronium curiosamente parecia se projetar para além limbo. Creio que talvez esse efeito tenha sido uma ilusão de ótica, devido ao aspecto ligeiramente giboso do disco no limbo oeste, e devido a uma combinação da disposição das configurações escuras de coloração cinza-esverdeada, contrastadas com as áreas dos desertos que brilhavam com uma cor que lembrava o minério de ferro tal qual vemos aqui na terra, porém ligeiramente rosado.
Ao contrário dos outros planetas a luz solar refletida por marte não é polarizada. Nuvens brilhantes saíam desde o sul pelo limbo leste subindo até ao norte, acima da linha do equador do planeta ou mais precisamente nas regiões tropical e temperada norte, e a leste de Syrtis Major Planum. A oeste e noroeste dessa área Montes Phlegra e Nepenthes Mensae foram visualizados como pequenas manchas castanhas, e mais ao norte Elysium Planitia e Arcadia Planitia escureciam quase toda a região polar no hemisfério norte marciano.
A calota polar norte não brilhava tanto como a planície de Hellas e se mostrava com as dimensões mais reduzidas, e o anel escuro que tradicionalmente a circunda se mostrou bem destacado em relação à coloração laranja e rosada dos desertos.
Saturno: Com 197x esse planeta se mostrou com uma coloração âmbar- alaranjado, com os anéis mais inclinados do que na última oposição e com a divisão de cassini inteiramente visível, tendo o anel A se mostrado mais escuro que o anel B, e o anel C interior ou anel de Crepe estava bem discernido diante do globo do planeta. Confiante no bom seeing voltei o aparelho para 262x e vi nos anéis mais a oeste, a sombra negra do globo na porção sudoeste deles.
No disco a faixa equatorial se mostrava castanha e aparentemente mais grossa, uma faixa mais estreita foi visualizada na região temperada sul, e outra ainda mais fina e bem próxima da zona polar sul foi também revelada, e quanto ao "Hexágono" na zona polar sul ele se mostrava mais como um "olho" cinzento.
Data: 06/04/2016 - 07/04/2016
Alvos: jupiter, marte e saturno.
Hora: início 20:30hs UTC 23:30 - término 01:00hs UTC 03:00
Localização: 19° 42' 03" S 43° 57' 18" O
Instrumento: Luneta acromática - objetiva Jaegers 103mm (4.1/8") d/f 1.575mm - F/D15.4 - montagem EQ3-2.
Acompanhamento manual.
Oculares: WA 6mm (262x), Vixen NPL 8mm (197x), Plossl Séries 500 10mm (157x).
Condições atmosféricas: névoa seca a SE/S/SO - temperatura 23ºC - umidade 56% - pressão atm. 1015 hPa - vento: E-NE 05km/h
Seeing: Esc. Pickering estimado entre 9 e 10, com as estrelas mostrando anéis de difração estáticos acima de 30º.
Jupiter: Com esse planeta a uns 70º e se aproximando do meridiano celeste, com apenas 157x o gigante gasoso se mostrou com muitos de detalhes. Inicialmente as duas zonas polares (SPZ e NPZ), a difícil faixa polar sul (SPB), a faixa temperada sul (STeS), a faixa equatorial sul (SEB), a faixa equatorial (EB), a faixa equatorial norte (NEB), a faixa temperada norte (NTB) e a temperada norte do norte (NNTB). Os detalhes mais notáveis foram nas faixas equatoriais e na zona equatorial. Na faixa eq. sul a GMV/GRS estava com a tradicional forma oval de coloração castanho escuro, e parecendo mais a leste dentro da Baía da Grande Mancha. De tempos em tempos a Grande Mancha Vermelha parece ora se adiantar, ora se atrasar em relação à baía, e esta na borda sul da faixa equatorial sul mostrava a curva interna de coloração castanho escura, mais ou menos com as mesmas dimensões semelhantes à da GMV/GRS (algo entre 80.000 a 120.000 Km) de extensão. O interior da faixa eq. sul estava dividida por fendas (Rifts) e estrias ou flóculos esbranquiçados por toda a sua extensão. Subindo para 197x as imagens continuavam nítidas e os detalhes mais internos na faixa eq. sul ficaram ainda mais evidentes. Forçando o limite do aparelho com 262x, a oeste da GMV/GRS a fenda (Rift) na SEB parecia se enrolar formando o que parecia uma "trança" esbranquiçada, e que antes de chegar no limbo leste se afunilava tornando a se alargar nas proximidades da borda do disco. Julguei ter visualizado a mancha oval BA a nordeste da GMV/GRS, porém outra mancha oval (WOS) se destacava mais ao sul dela (mais precisamente a sudeste da GMV/GRS), então fiquei em dúvida sobre qual das duas era a mancha júnior pois eram muito semelhantes e estavam relativamente próximas. Na zona equatorial (EZ) a faixa equatorial (EB) era visível de um limbo ao outro, porém entrecortada ou com algumas falhas, e de coloração um pouco mais clara do que as outras faixas que se mostravam cinza-grafite. Dois festões (Festoons) de coloração cinza-azulada partiam da borda sul dessa faixa, formando o que parecia ser um arco em direção ao leste, fazendo uma curva para o sul por dentro da zona equatorial e voltando a tocar a borda sul da faixa eq. norte onde terminava.
A faixa equatorial norte por sua vez mostrava uma grande irregularidade na borda norte próxima do limbo leste, e durante o trânsito da GMV/GRS duas manchas ovais escuras (DOS) eram visíveis na borda sul da faixa a leste e a oeste do meridicano central (MC). Por alguns momentos visualizei uma pequenina mancha oval branca na borda norte da faixa equatorial norte, mas depois confirmei ser uma lua que realizava um trânsito diante do disco, e que projetava a sua pequenina sombra negra na mesma borda da faixa só que mais a leste, exatamente ao contrário da direção de onde a luz solar incidia vinda do oeste. As duas bordas (norte e sul) mostraram irregularidades por toda a extensão da faixa eq. norte. Depois do trânsito as 4 luas ficaram alinhadas com uma estrela de fundo, dando a impressão de se ter no campo 5 luas visíveis.
Marte: Com o planeta a uns 50º sobre o horizonte e brilhando muito, com apenas 150x já dava para visualizar a planície de Hellas muito brilhante na região polar sul. Elevei o aparelho para 197x e Syrtis Major Planum foi mais visível entrando pelo limbo leste no hemisfério sul do planeta, tendo outras configurações escuras de coloração cinza-esverdeada ainda mais a sudoeste como Lybia Montes, e mais a oeste Thyrrena Patera e Hesperia Planum. Devido ao seeing excepcional e procurando uma maior aproximação subi de novo para 262x com a ocular WA de 6mm e ele respondeu com sucesso, e com boa nitidez observei a noroeste de Hellas Chaos a planície de Hellas que se mostrava extremamente branca e brilhante, parecendo mesmo ser uma capa polar sul.
No extremo sul polar Planum Chronium curiosamente parecia se projetar para além limbo. Creio que talvez esse efeito tenha sido uma ilusão de ótica, devido ao aspecto ligeiramente giboso do disco no limbo oeste, e devido a uma combinação da disposição das configurações escuras de coloração cinza-esverdeada, contrastadas com as áreas dos desertos que brilhavam com uma cor que lembrava o minério de ferro tal qual vemos aqui na terra, porém ligeiramente rosado.
Ao contrário dos outros planetas a luz solar refletida por marte não é polarizada. Nuvens brilhantes saíam desde o sul pelo limbo leste subindo até ao norte, acima da linha do equador do planeta ou mais precisamente nas regiões tropical e temperada norte, e a leste de Syrtis Major Planum. A oeste e noroeste dessa área Montes Phlegra e Nepenthes Mensae foram visualizados como pequenas manchas castanhas, e mais ao norte Elysium Planitia e Arcadia Planitia escureciam quase toda a região polar no hemisfério norte marciano.
A calota polar norte não brilhava tanto como a planície de Hellas e se mostrava com as dimensões mais reduzidas, e o anel escuro que tradicionalmente a circunda se mostrou bem destacado em relação à coloração laranja e rosada dos desertos.
Saturno: Com 197x esse planeta se mostrou com uma coloração âmbar- alaranjado, com os anéis mais inclinados do que na última oposição e com a divisão de cassini inteiramente visível, tendo o anel A se mostrado mais escuro que o anel B, e o anel C interior ou anel de Crepe estava bem discernido diante do globo do planeta. Confiante no bom seeing voltei o aparelho para 262x e vi nos anéis mais a oeste, a sombra negra do globo na porção sudoeste deles.
No disco a faixa equatorial se mostrava castanha e aparentemente mais grossa, uma faixa mais estreita foi visualizada na região temperada sul, e outra ainda mais fina e bem próxima da zona polar sul foi também revelada, e quanto ao "Hexágono" na zona polar sul ele se mostrava mais como um "olho" cinzento.
Bruno
Moderador
Última edição por Bruno em Sáb 09 Abr 2016, 17:35, editado 2 vez(es)
Bruno- Moderador
- Mensagens : 6551
Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Maratona planetária.
Belíssimo relato de observação!
deco27x- Astronomo Amador
- Mensagens : 930
Data de inscrição : 19/05/2012
Localização : Salvador - Ba
Re: Maratona planetária.
Valeu deco27x, com esses relatos eu procuro incentivar a observação visual além da contemplação, fazendo uso da observação sistemática e notas descritivas em relatórios, afim de reproduzir os fenômenos e acidentes visualizados e a localização deles nos discos dos planetas. Com treino, critério, perseverança e um bom mapa das superfícies planetárias, os detalhes mais evidentes com o tempo se tornam velhos conhecidos, e dessa forma algo novo vez ou outra acaba sendo revelado. Diferente dos objetos no céu profundo que se mantém estáticos no campo do telescópio, uma superfície planetária pode mudar o seu aspecto no espaço de uma hora ou menos.
Mapa de marte:
Mapa de jupiter:
Mapa de saturno:
Mapa de marte:
Mapa de jupiter:
Mapa de saturno:
Bruno
Moderador
Bruno- Moderador
- Mensagens : 6551
Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Maratona planetária.
Algumas configurações e detalhes em superfícies planetárias:
Bruno
Moderador
Mercúrio:
Vênus:
Marte:
Jupiter:
Saturno:
Urano e suas manchas:
Vênus:
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Bruno
Moderador
Última edição por Bruno em Dom 10 Abr 2016, 18:59, editado 2 vez(es)
Bruno- Moderador
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Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Maratona planetária.
Muito úteis as imagens Bruno!! Mandou bem.
thiagomandrade- Astronomo Amador
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Idade : 37
Localização : São Paulo - SP
Re: Maratona planetária.
De onde vem esse esbranquiçado de marte? aparece nas bordas e em algum momento parece avançar pro meio do planeta. Observei isso pelo telescopio e pensei que era algum tipo de aberração.
giltonc- Astronomo Amador
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Data de inscrição : 21/03/2016
Idade : 36
Localização : São Paulo
Re: Maratona planetária.
giltonc escreveu:De onde vem esse esbranquiçado de marte? aparece nas bordas e em algum momento parece avançar pro meio do planeta. Observei isso pelo telescopio e pensei que era algum tipo de aberração.
Na imagem com o polo norte na parte de cima da figura a mancha esbranquiçada é a calota polar norte (Planum Boreum), em baixo no extremo sul é a brilhante planície Hellas (Hellas Planitia). Já nas laterais ou próximas do limbo do planeta esses clareamentos são as nuvens marcianas, geralmente localizadas a cerca de 100km de altura e são compostas de dióxido de carbono entremeadas de partículas de poeira. Muitas vezes elas se mostram bastante brilhantes, quase da cor da brilhante planície de Hellas.
Bruno
Moderador
Última edição por Bruno em Seg 11 Abr 2016, 15:21, editado 1 vez(es)
Bruno- Moderador
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Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Maratona planetária.
Interessante, obrigado!
giltonc- Astronomo Amador
- Mensagens : 74
Data de inscrição : 21/03/2016
Idade : 36
Localização : São Paulo
Re: Maratona planetária.
De onde vem o brilho que vemos da planície Hellas? Sabe me informar? procurei pela internet mas não obtive sucesso.
giltonc- Astronomo Amador
- Mensagens : 74
Data de inscrição : 21/03/2016
Idade : 36
Localização : São Paulo
Re: Maratona planetária.
Muito obrigado pela explicação, muito esclarecedora, irei observar posicionando o planeta da maneira correta nas minhas próximas observações. Obrigado!
giltonc- Astronomo Amador
- Mensagens : 74
Data de inscrição : 21/03/2016
Idade : 36
Localização : São Paulo
Re: Maratona planetária.
Olá giltonc, eu excluí a minha mensagem anterior para colocar outra melhor ilustrada, e que segue abaixo:giltonc escreveu:Muito obrigado pela explicação, muito esclarecedora, irei observar posicionando o planeta da maneira correta nas minhas próximas observações. Obrigado!
Olá giltonc, a planície Hellas é uma grande bacia resultante do maior impacto já registrado sobre a superfície desse planeta rochoso, medindo cerca de 2.300 quilômetros de diâmetro:giltonc escreveu:De onde vem o brilho que vemos da planície Hellas?
O que produz o brilho na verdade são os tons claros das camadas de afloramentos de rochas, ao refletirem a luz solar de volta para o espaço. Quanto mais ao norte no hemisfério norte marciano mais intenso são esses afloramentos em tons claros, que possuem um grau de refletividade maior quando contrastados com as configurações escuras e desertos circundantes.
Quanto ao brilho causado pelos afloramentos, eles começam mais a nordeste de Hellas como visto abaixo:
E quanto mais em direção ao polo sul maior é o número e o grau de refletividade dos afloramentos:
Quando uma grande oposição periélica se aproxima Hellas brilha com mais intensidade. A próxima oposição periélica ocorrerá em 2018, quando marte virá desta vez com o polo sul e a calota polar sul visíveis. Basta reparar agora como a calota polar norte já está deslocada para o sentido sul atrás do disco, enquanto a capa polar sul avança para o norte no disco.
Interessante também é lembrar que durante essas oposições periélicas como a que vai ocorrer, não raro a areia dos desertos marcianos é soprada e levantada por ventos violentos que a lançam a distâncias continentais, deixando todo o disco do planeta alaranjado e praticamente sem nenhuma configuração escura visível por vários dias:
Fotos: NASA/JPL
Bruno
Moderador
Bruno- Moderador
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Data de inscrição : 29/10/2011
Idade : 62
Re: Maratona planetária.
Observação visual
Data: 07/06/2016
Alvos: jupiter, marte e saturno.
Hora: início 17:30hs UTC 20:30 - término 01:00hs UTC 03:00
Localização: 19° 42' 03" S 43° 57' 18" O
Instrumento: Refrator acromática japonês Tasco modelo 10K - objetiva 80mm - d/f 1200mm - F/D15.
Oculares: padrão 0.965" Huygens 6mm (200x), Huygens 9mm (133x) e ortoscópica DFV 9mm (133x).
Acessórios: diagonal prismática.
Montagem equatorial germânica.
Acompanhamento: manual.
Condições atmosféricas: céu limpo - temperatura 20ºC - umidade relativa do ar em 56% - vento E/NE 05km/h.
Seeing: Esc. Pickering oscilando entre 8 e 9 (turbulências intermitentes).
Jupiter: com o planeta declinando a oeste e no final da tarde, tinha poucas esperanças de encontrar um seeing ao menos razoável, mas qual foi a minha surpresa quando me deparei com uma imagem estável e os detalhes mais evidentes finamente recortados com 133x de aumentos. As faixas equatoriais sul e norte (SEB/NEB) mostravam irregularidades ou ondulações nas suas bordas, e as faixas temperadas sul e norte (STeB/NTeB) estavam quase unidas às zonas polares (SPZ/NPZ). A sombra de uma das luas deslizava diante do disco, percorrendo a borda norte da faixa equatorial norte (NEB). Por alguns momentos pude entrever a estreita faixa equatorial (EB). Nenhum festão (festoon) na zona equatorial (EZ) ou fendas (Riftis) nas faixas equatoriais foram observados, e não haviam evidências de algum trânsito de manchas ovais brancas (WOS) ou escuras (DOS) nas faixas. Elevei o instrumento para 200x com a ocular de 6mm e os detalhes continuaram os mesmos, apenas com as faixas se mostrando um pouco menos contrastadas. Na observação visual de jupiter, quanto maior o aumento mais esmaecidas ficam as faixas e a Grande Mancha Vermelha. Para esse aparelho de 80mm aberto a F15 a melhor imagem do gigante gasoso foi com uma ampliação de 133x, usando uma antiga ortoscópica brasileira 0.965" de 9mm da DFV Vasconcelos, que mostrava os detalhes relatados acima "finamente recortados".
Marte: com 133x os detalhes ainda estavam pequenos para serem distinguidos com eficiência, e o disco estava brilhando muito porém de forma estável, sem oscilações no seeing. Com a ocular Huygens de 6mm (200x) eu não demorei a visualizar no hemisfério norte a região de Chasma Boreale, logo ao sul onde a calota polar norte se deixa observar, e ao sul a escura planície Acidália. No extremo do hemisfério sul a bacia de Hellas brilhava como uma capa polar, tendo a oeste a escura região temperada de Capri Chasma e mais a sudoeste Coprates Chasma. A leste a configuração de Tharsis Monte entrava pelo limbo, então aproveitei e tentei identificar mais a noroeste alguma mancha esbranquiçada, que denunciasse ali a presença do vulcão marciano Monte Olimpo, mas infelizmente não obtive sucesso nem com 200x, talvez porque marte brilhava fortemente quando ele passou pelo meridiano celeste e quase no zênite, e foi difícil manter o céu de fundo sempre negro para obter os melhores contrates por que o disco espargia muita luz. Não raro na literatura astronômica é quase unânime ler relatos sobre o quanto marte é um mau objeto telescópico. Como ele é um mundo pequeno nós precisamos de usar mais aumentos, porém o brilho forte dele acaba por ofuscar em parte as configurações escuras mais tênues cujas observações precisam de ampliações de pelo menos umas 200x.
Em relação à sua forma e cor, o disco "giboso" de marte lembrava uma "ameixa" tanto na sua forma quanto na coloração".
Saturno: magnífico nesse japa de 80mm F15 e 133x de aumentos, ele me mostrou saturno como uma miniatura notável, uma pequena joia celeste com os detalhes mais evidentes finamente observados.
Com o seeing favorável agora e depois de quase um mês de espera devido às turbulências na troposfera mesmo com o céu "cristalino" (característica dos céus do outono e inverno), ao observar o mundo dos anéis a divisão de cassini entre eles era inteiramente visível por toda a circunferência dele. O anel A brilhava menos que o anel B, e o C ou "anel de Crepe" podia ser visto diante do disco como uma faixa escura. No disco do planeta a grossa faixa equatorial de coloração castanha, tinha mais ao sul dela ou nas zonas temperadas do disco, uma companheira muito fina e bem mais tênue. A zona polar sul mostrava um escurecimento no centro do região polar (área do "hexágono"), mas mesmo elevando o aparelho para o seu limite máximo teórico ou 200x eu não visualizei nada mais do que isso. Com essa ampliação no limite os mesmos detalhes foram observados quando observados com 133x, porém a imagem mostrou-se "meio mole'" com 200x, então ao baixar novamente para 133x terminei a sessão confirmando a presença de pelo menos 5 ou 6 luas (creio que a "sexta" era uma estrela de fundo).
Data: 07/06/2016
Alvos: jupiter, marte e saturno.
Hora: início 17:30hs UTC 20:30 - término 01:00hs UTC 03:00
Localização: 19° 42' 03" S 43° 57' 18" O
Instrumento: Refrator acromática japonês Tasco modelo 10K - objetiva 80mm - d/f 1200mm - F/D15.
Oculares: padrão 0.965" Huygens 6mm (200x), Huygens 9mm (133x) e ortoscópica DFV 9mm (133x).
Acessórios: diagonal prismática.
Montagem equatorial germânica.
Acompanhamento: manual.
Condições atmosféricas: céu limpo - temperatura 20ºC - umidade relativa do ar em 56% - vento E/NE 05km/h.
Seeing: Esc. Pickering oscilando entre 8 e 9 (turbulências intermitentes).
Jupiter: com o planeta declinando a oeste e no final da tarde, tinha poucas esperanças de encontrar um seeing ao menos razoável, mas qual foi a minha surpresa quando me deparei com uma imagem estável e os detalhes mais evidentes finamente recortados com 133x de aumentos. As faixas equatoriais sul e norte (SEB/NEB) mostravam irregularidades ou ondulações nas suas bordas, e as faixas temperadas sul e norte (STeB/NTeB) estavam quase unidas às zonas polares (SPZ/NPZ). A sombra de uma das luas deslizava diante do disco, percorrendo a borda norte da faixa equatorial norte (NEB). Por alguns momentos pude entrever a estreita faixa equatorial (EB). Nenhum festão (festoon) na zona equatorial (EZ) ou fendas (Riftis) nas faixas equatoriais foram observados, e não haviam evidências de algum trânsito de manchas ovais brancas (WOS) ou escuras (DOS) nas faixas. Elevei o instrumento para 200x com a ocular de 6mm e os detalhes continuaram os mesmos, apenas com as faixas se mostrando um pouco menos contrastadas. Na observação visual de jupiter, quanto maior o aumento mais esmaecidas ficam as faixas e a Grande Mancha Vermelha. Para esse aparelho de 80mm aberto a F15 a melhor imagem do gigante gasoso foi com uma ampliação de 133x, usando uma antiga ortoscópica brasileira 0.965" de 9mm da DFV Vasconcelos, que mostrava os detalhes relatados acima "finamente recortados".
Marte: com 133x os detalhes ainda estavam pequenos para serem distinguidos com eficiência, e o disco estava brilhando muito porém de forma estável, sem oscilações no seeing. Com a ocular Huygens de 6mm (200x) eu não demorei a visualizar no hemisfério norte a região de Chasma Boreale, logo ao sul onde a calota polar norte se deixa observar, e ao sul a escura planície Acidália. No extremo do hemisfério sul a bacia de Hellas brilhava como uma capa polar, tendo a oeste a escura região temperada de Capri Chasma e mais a sudoeste Coprates Chasma. A leste a configuração de Tharsis Monte entrava pelo limbo, então aproveitei e tentei identificar mais a noroeste alguma mancha esbranquiçada, que denunciasse ali a presença do vulcão marciano Monte Olimpo, mas infelizmente não obtive sucesso nem com 200x, talvez porque marte brilhava fortemente quando ele passou pelo meridiano celeste e quase no zênite, e foi difícil manter o céu de fundo sempre negro para obter os melhores contrates por que o disco espargia muita luz. Não raro na literatura astronômica é quase unânime ler relatos sobre o quanto marte é um mau objeto telescópico. Como ele é um mundo pequeno nós precisamos de usar mais aumentos, porém o brilho forte dele acaba por ofuscar em parte as configurações escuras mais tênues cujas observações precisam de ampliações de pelo menos umas 200x.
Em relação à sua forma e cor, o disco "giboso" de marte lembrava uma "ameixa" tanto na sua forma quanto na coloração".
Saturno: magnífico nesse japa de 80mm F15 e 133x de aumentos, ele me mostrou saturno como uma miniatura notável, uma pequena joia celeste com os detalhes mais evidentes finamente observados.
Com o seeing favorável agora e depois de quase um mês de espera devido às turbulências na troposfera mesmo com o céu "cristalino" (característica dos céus do outono e inverno), ao observar o mundo dos anéis a divisão de cassini entre eles era inteiramente visível por toda a circunferência dele. O anel A brilhava menos que o anel B, e o C ou "anel de Crepe" podia ser visto diante do disco como uma faixa escura. No disco do planeta a grossa faixa equatorial de coloração castanha, tinha mais ao sul dela ou nas zonas temperadas do disco, uma companheira muito fina e bem mais tênue. A zona polar sul mostrava um escurecimento no centro do região polar (área do "hexágono"), mas mesmo elevando o aparelho para o seu limite máximo teórico ou 200x eu não visualizei nada mais do que isso. Com essa ampliação no limite os mesmos detalhes foram observados quando observados com 133x, porém a imagem mostrou-se "meio mole'" com 200x, então ao baixar novamente para 133x terminei a sessão confirmando a presença de pelo menos 5 ou 6 luas (creio que a "sexta" era uma estrela de fundo).
Bruno
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Última edição por Bruno em Sáb 09 Jul 2016, 19:38, editado 1 vez(es)
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