Observação de Marte/oposição de 2014.

Exato, e na oposição passada mesmo com o disco tendo apenas 14" eu consegui visualizar as configurações mais evidentes com o refrator de 103mm F/15 e 260x. Dessa vez com 16" as coisas começam a melhorar gradativamente até chegar na periélica em 2018 com marte alcançando 24". Apesar desse planeta ser tradicionalmente um mau objeto telescópico, uma dica é se possível utilizar os filtros 12-amarelo, 21-laranja e o 34-vermelho claro que ajudam no contraste entre as configurações claras e escuras na superfície marciana. Se o instrumento permitir o ideal será utilizar pelo menos entre 175x e 200x porque marte é um mundo muito pequeno, e assim poder visualizar a calota polar norte e a famosa região triangular Sirtys Major.

Segundo consta no Calsky está com 7,05" http://www.calsky.com/cs.cgi/Planets/5/1?

ajc escreveu:Alguem saberia os nomes correspondentes às letras?

Acredito ser isso:

a) Libya
b) Mare Cimmerium
c) Arabia
d) Utopia Planitia
e) Arabia Terra
f) Acidalia Planitia
g) (Meridiani Sinus) Sinus Sabaeus
h) Xante Terra e Margaritifer Terra
i) Região de Tarsis
j) Solis Lacus-Siria
K) Olympus Mons (Monte Olimpo)
l) Trimum Charontis
m) Região de Utopia Planitia
n) Amazonis Planitia
o) Elysium
p) Arcadia

Nota: Syrtis Major é a grande área escura entre B e C.

Ok ajc,
esse interessante mapa está muito próximo do ideal porque é um meio termo entre as observações telescópicas e as imagens feitas por sondas. Além de intrigante a visão desse planeta de difícil observação varia no céu durante o ano, sendo visível de madrugada nos quadrantes a leste, por dois meses durante a meia-noite e finalmente ao entardecer no oeste.
Com um simples refrator de 50mm e 50x percebemos o disco e com um de 60mm de abertura e 90x observa-se um diminuto ponto branco nele (calota polar). Com refratores de 70mm e refletores de até 114mm e 140x será possível detectar na região equatorial do planeta durante a oposição a mancha triangular Syrtis Major. Com refratores entre 80mm e 90mm e refletores de 130mm até 150mm e 160x a 200x, além das observações anteriores outras manchas tais como Sinus Sabaeus e Acidalia Planitia poderão também ser registradas.
Para observar visualmente todas as principais configurações mais evidentes numa oposição afélica e mesmo assim com alguma restrição, serão precisos refratores de pelo menos 100mm de abertura ou refletores de 200mm preferencialmente com uma distância focal longa e 250x , possibilitando também dessa forma realizar estudos nas modificações de certos coloridos na superfície, variações na forma e no diâmetro das calotas polares além do estudo dos escurecimentos nas bordas quando elas encolhem durante o verão marciano. O registro de nuvens como clareamentos nos limbos enquadram-se em 3 categorias: as nuvens de grande altitude ou as nuvens azuis (cerca de 80km de altura), as de altitudes intermediárias ou as nuvens brancas (entre 8 e 25km de altura) e as de baixas altitudes ou nuvens amarelas causadas por tempestades de poeira varrendo violentamente o material dos desertos marcianos por todo o globo do planeta.
O emprego de filtros coloridos será interessante, principalmente utilizando o #21-laranja, #12-amarelo, #11-amarelo-verde e o #23A-vermelho claro. Com alguma sorte os filtros azuis vão mostrar as misteriosas nuvens azuis com uma coloração branca. O filtro infravermelho pode fornecer importantes informações sobre marte como a distribuição de calor na superfície bem como as suas estações climáticas, e com o uso de um filtro ultra-violeta as modificações nas formas e nos tamanhos das calotas polares. Além de pequeno marte é um mau objeto telescópico mas mesmo assim a sua observação é fascinante e misteriosa, principalmente com as semelhanças de um possível futuro da Terra e pela possibilidade de que possa abrigar alguma forma de vida por mais elementar que seja.
Ele se aproxima mais a cada dia aumentando o seu diâmetro aparente, e os 40 dias que antecedem a oposição e os outros 40 dias posteriores a ela serão os mais favoráveis à sua observação.

Os telescópios catadióptricos são de grande valia na observação visual da superfície marciana, e os que tiverem uma distância focal mais longa levarão vantagem como por exemplo os Maksutov-Casseigran e os Schmidt-Casseigran. O MAK 90mm F13.8 (com ocular de 6mm e 208x), o MAK 102mm F12.7 (com uma ocular de 6mm e 216x), o imbatível MAK 180mm F15 (350x), o C5 e o C8 (200x a 250x), ETX 80 (200x) são exemplos de instrumentos muito eficientes na observação planetária mesmo quando utilizados com aumentos mais elevados. Além disso marte exige fortes aumentos por ser um planeta de pequenas dimensões.

ajc escreveu:
Dois detalhes:
1 - pude ver um esbranquiçado no polo sul marciano: seriam nuvens ou a calota polar sul?

O seu avistamento procede ajc, inclusive eu citei isso no meu relato e é a região da grande bacia circular de impacto no hemisfério sul chamada Hellas Planitia. Devido a seu enorme tamanho e a sua coloração clara, ela contrasta fortemente com o resto do planeta. Por diversas ocasiões durante a oposição de 2012 eu observei Hellas com o refrator de 100mm F15, e ela se mostrava tão brilhante quanto a calota polar norte. Poderia até ser confundida com a calota polar sul.

Lucas87 escreveu:Observação de marte.
Instrumento: Maksutov Casseigran 102mm F12.7 Aumentos: 130x (ocular 10mm), 217x (Vixen 6 mm)
Com a ocular de 10mm tive apenas uma impressão da calota polar.
Porém com a de 6mm a imagem revelou a calota polar e uma faixa escura entre ela e o resto do planeta.
Nenhuma outra mancha foi vista.
Fiz vários vídeos com a de 6mm, quando voltar pra casa irei processá-los e postarei o melhor resultado aqui.

Uma observação mais detalhada da superfície marciana exige pelo menos 200x de aumentos, e com a ocular de 6mm você alcançou essa cifra com bons resultados. Baseado nas minhas observações com o Maksutov 90mm eu acredito que essa faixa escura era o prolongamento da extremidade sul da região de Utopia descendo pelo hemisfério norte e se estendendo em direção ao equador, e dessa forma se aproximando da área de Sirtys Major situada no lado oposto ao sul do equador, dando a impressão de formarem uma faixa única entre os polos no meio do planeta. Nos mantenha informados sobre o desempenho do seu MAK102 F12.7 .

Lucas87 escreveu:há dois tópicos sobre a oposição de Marte deste ano, não seria melhor unificá-los?
você finalmente conseguiu uma noite boa! Belos relatos.
Por aqui faz tempo que não há uma bom seeing

Valeu Lucas, quanto à unificação dos tópicos o outro ficará voltado para a astrofotografia. Por enquanto vamos deixar assim até para mais próximo da oposição.
Quanto à estabilidade atmosférica quase impecável na madrugada de ontem, eu esperei exatos 74 dias debaixo de um seeing crítico para alcançar uma noite boa. Mesmo considerando o seeing praticamente perfeito o desempenho do Maksutov Casseigran 90mm F14 da Sky-Watcher foi surpreendente. Marte observado através dele com 312x ficou com um diâmetro aparente grande (semelhante ao de jupiter quando visto com 100x a 125x). Apesar da natural redução no brilho por causa da ampliação elevada de 312x, mas por outro lado tendo o contraste das imagens reforçado por causa do F longo (14), todos os detalhes mais evidentes foram observados com boa nitidez. A coloração "rosa enferrujada" nas áreas claras e a cinza esverdeada nas escuras, eu só havia visto com o refrator de 103mm F15 na oposição de 2012. Conseguir observar a área de Collis Nili descendo e fazendo curvas no hemisfério norte em direção à extremidade norte de Syrtis Major, e a região de Hellas Planitia parecendo uma neblina ou névoa luminosa se espalhando a sudeste atestaram para a qualidade dessa classe de instrumentos. Sob um seeing favorável o seu MAK 102mm F13 com 325x (ocular de 4mm) vai possibilitar encontrar com bastante precisão todas as configurações mais evidentes, e mesmo algumas nuances mais sutis como tons e semitons na coloração. Quando se quer utilizar ampliações elevadas na observação visual planetária, uma boa abertura aliada a uma distância focal mais longa (acima da mediana) são uma combinação imbatível.