Marte/Oposição de 2016

Aproveitem mesmo porque os próximos 6 anos serão particularmente favoráveis para todos os tipos de observações astronômicas, com datas em que coincidem estarem todos os planetas visíveis numa mesma noite, e com grandes oposições como a de marte em 2018 (periélica/a cada 15 ou 17 anos), com esse mundo se aproximando a até 56.000.000 de km o que comparado com as distâncias siderais não é nada.
O melhor período para observar esse enferrujado, pequeno e brilhante planeta começa 40 dias antes da data da sua oposição, e se prolonga por mais 40 dias após ela. No caso dessa próxima, como para marte se aproxima a maior das suas oposições que ocorrerá em 2018 o seu diâmetro aparente só vai aumentar até lá.
Se o aumento normal da abertura do aparelho usado puder proporcionar pelo menos 200x de aumentos (por exemplo: um refletor de 200mm ou D x 1 = 200mm x 1 = 200x), ou ainda um instrumento onde nele D x 2.5 puder alcançar 200x (de preferência com um F longo ou com a ajuda de filtros), o suficiente para atenuar o brilho e melhorar o contraste praticamente todas as configurações mais evidentes poderão ser observadas através da ocular. Além da calota polar mesmo com ampliações inferiores a 200x, poderemos visualizar algumas das suas configurações maiores (Syrtis Maior, as planícies Utopia e Acidalia), além da brilhante planície de Hellas nas regiões polares no extremo norte. Um refrator de 60mm armado com 100x poderá visualizar a calota polar branca e brilhante, além da região escura de Syrtis Maior mais ou menos no meio do disco. Até uma luneta de 40mm ou 50mm podem mostrar a calota polar como um pequeno ponto brilhante.
Mas não podemos nos esquecer do papel preponderante das atmosferas, pois ao observarmos marte com os nossos telescópios nós o fazemos através de duas atmosferas, a daqui e a de lá, e no planeta vermelho aparecem com relativa frequência nuvens do tipo Cirrus próximas dos limbos leste e oeste, além das tempestades com os ventos soprando raivosamente nos desertos marcianos e lançando a areia a distâncias continentais. Não raro nas oposições periélicas essas violentas tempestades de areia deixam todo o disco do planeta alaranjado, não sendo possível ver nem fotografar qualquer configuração escura com a exceção da branca e brilhante calota polar.

A análise magnética da superfície marciana indica que nesse planeta há 500 milhões de anos, o seu campo magnético global esteve desaparecido.

Campo magnético de marte:



Saibam mais:

http://www.universetoday.com/30538/was-mars-magnetic-field-blasted-away/

Observação visual de Marte
Data: 04/08/2016
Hora: 21:34 UTC
Instrumento: Refrator Acromático Vintage OKK Dan Beam - abertura 76.2mm d/f 1250mm - F/D 16.4 - Montagem Equatorial Germânica
Acompanhamento: manual
Oculares padrão 0.965": Huygens 6mm (208x) - Huygens 8mm (156x) - Huygens 9mm (138x) - Ortoscópica DFV Vasconcelos 9mm (138x)
Diagonal: Prismática 0.965"
Condições atmosféricas: temp. 25º - Umidade relativa do ar 82% - Vento 12 km/h - Pressão atm. 1022 hPa
Seeing estimado entre 8 e 9 - Escala Pickering

Aproveitando a aproximação da primavera e consequente aumento da umidade relativa e diminuição das correntes e jatos de ar, com pouco vento e com condições de boa estabilidade atmosférica, boas imagens do planeta vermelho foram obtidas. Com marte já declinando a oeste depois de ter cruzado o meridiano celeste, iniciei a sessão com a ocular ortoscópica de 9mm (138x). Marte apesar de se mostrar com um diâmetro aparente reduzido ( +- 10") pois já está a 0.918 UA ou a mais de 137.000.000 km de distância, assim mesmo de imediato estava evidente o aspecto giboso do planeta (84% de fase), e facilmente pude visualizar a configuração escura Syrtis Maior próxima do meridiano central MC do planeta, tendo a oeste Lybia Montes, no extremo sul Chasma Australe e a brilhante Hellas Chaos. Ao norte Elysium Planitia brilhava forte misturando-se à calota polar Planum Boreum. Elevei o aparelho para 208x e o contraste continuava firme, e os detalhes mais ampliados se mostraram com boa nitidez, podendo agora visualizar um maior número de configurações, tais como Astapus Colles a sudoeste da Elysium, Nephentes Mensae a noroeste, Lybia Montes a oeste de Syrtis Maior, e no hemisfério sul a sudeste da região de Huygens a planície de Hellas, bem próxima do limbo na área onde se encontra Terra Sabae. Dessa vez não pude notar nuvens em nenhum dos limbos. As configurações escuras mostravam-se com uma coloração cinzento-esverdeada, e os desertos com uma coloração rósea avermelhada, bem parecida com a do minério de ferro quando visto à distância aqui na terra. O movimento retrógrado de marte aos poucos está fazendo com que ele caminhe "para trás" no céu, na constelação de escorpião e em direção à constelação de sagitário.