filtro para céu profundo

Em locais com pouca ou nenhuma poluição luminosa eu utilizo o instrumento sem filtros para as nebulosas, porque mesmo com a tradicional coloração cinzenta elas ficam naturalmente bem contrastadas contra o céu de fundo quando ele está mais escuro. E quanto àquelas cores nas nebulosas esqueça, porque elas estão reservadas apenas para a astrofografia. Um filtro específico para a visualização delas no céu profundo, vai deixá-las juntamente com o céu de fundo e as estrelas com uma coloração cinzento-esverdeada. Eles possuem algumas propriedades que se assemelham às de um filtro para a poluição luminosa (PL). Em se tratando de um filtro para PL, o filtro Skyglow foi projetado para melhorar a observação dos objetos do céu profundo em locais com PL moderada. Ele bloqueia no comprimento de onda das luzes que poluem o céu noturno, tais como as dos vapores de mercúrio e de sódio. Além disso ele transmite nos comprimentos de ondas do hidrogênio-alfa e beta, melhorando o brilho e o contraste nas nebulosas e em alguns aglomerados.
O filtro UHC é um filtro de banda estreita para a observação visual, e também reduz a poluição luminosa tornando a observação de objetos do céu profundo bastante eficiente, como as nebulosas planetárias e as de emissão. Ele ainda possui uma transmissão de 94% nas zonas do H-beta, OIII e H-alfa, e a parte restante do espectro é filtrada.
O UHC é um filtro bem mais amplo para a observação do céu profundo mesmo com a PL moderada. Particularmente eu acho que já testei quase todos os filtros dessa classe, e o que mais gostei de usar até hoje foi o Dark Sky-E1, que além das características anteriormente citadas bloqueia o Ultra Violeta, Infravermelho, e as concentrações de luzes das lâmpadas de mercúrio e de sódio mesmo em locais de poluição luminosa elevada: http://tellescopio.com.br/filtros/filtro-darksky-e1-1.25
Quanto à diagonal dielétrica o espelhamento feito com óxido de prata garante uma refletividade de 98% praticamente sem precisar renovar, enquanto a refletividade das diagonais comuns alcança em média 86%.
Finalmente quanto à observação de objetos do céu profundo, mesmo sem filtros as oculares de até 40mm (22x) ou 25mm (36x), vão proporcionar vistas muito interessantes dos aglomerados abertos e do espaço interestelar onde se encontram as nebulosas. Com uma ocular de 10mm e 90x os aglomerados fechados ou globulares ficarão bem destacados contra o céu de fundo escuro. Algumas nebulosas também ficam boas em refratores medianos com ampliações medianas de até 90x ou 100x.  

phmf escreveu:1- os filtros específicos para nebulosas apenas melhoram o contraste delas com o céu?
2- E a respeito das oculares, quais as mais recomendadas, e gostaria de saber se compensa ou não investir alto? (no sentido de que melhoraria muito a qualidade da imagem comparando com as oculares que vieram junto com o telescópio e entre as marcas disponíveis)
3- E também gostaria de saber quais filtros, além do polarizador variável, são bons para a observação lunar.

1- Na prática esse é o efeito, além de bloquear determinados comprimentos de ondas tais como as que provocam a poluição luminosa.
2- As mais recomendadas são aquelas que não proporcionam aumentos superiores à ampliação máxima teórica do instrumento (2.5 x D), e nem abaixo da ampliação mínima dele (D / 7). Ter no mínimo 4 elementos (lentes) na composição delas também proporcionam uma melhor correção cromática, o maior campo possível (acima de 40º) e o corpo ou barril (barrilete) enegrecido por dentro (pintado de preto fosco)  ajudam muito na obtenção de imagens com o máximo de qualidade possível.
3- Para a observação lunar o meu preferido é o filtro Crystal View Moon por possuir revestimentos dielétricos, e por apresentar uma imagem cristalina (serve também para a observação planetária): http://tellescopio.com.br/filtros/filtro-crystal-view-moon-1-25pol

Muitas são as marcas recomendáveis entretanto as oculares modelo Plossl são bastante eficientes e versáteis, servindo para toda a classe de instrumentos. Acredito que você não deveria se preocupar agora em adquirir oculares novas antes de experimentar ao máximo as que já vem com o telescópio. Quando você adquirir mais prática e definir quais os tipos de objetos celestes mais te interessam, então seria interessante experimentar oculares mais específicas como por exemplo as ortoscópicas para observar detalhes nas superfícies planetárias, ou as grande angulares para as observações de campos estelares, nebulosas e aglomerados.

André Pira escreveu:Boa tarde Bruno!!! Sei que já devem ter feito essa pergunta muitas vezes, mas (por favor) você poderia me explicar qual a diferença específica (uso) de um filtro semi APO para um UHC?
Estou fazendo a cotação de ambos juntamente com a diagonal dielétrica e gostaria de saber se é necessário "investir" em ambos ou eles tem finalidades (características) específicas....Lí nesse tópico que você indica o "darksky" para Pl.
Por favor, me dê um conselho: ambos ou não há necessidade?
Obrigado pela força!!!
Abs.

Olá André, o filtro semi APO reduz a aberração cromática e dá uma reforçada no contraste das imagens, possibilitando ainda ao instrumento a alcançar ampliações mais elevadas, já o UHC é um filtro para reduzir a interferência da poluição luminosa, tornando a observação de objetos do céu profundo (nebulosas) bastante eficiente. O filtro para poluição luminosa e observação de nebulosas que eu mais utilizo é o Dark Sky-E1 por causa do bom contraste: http://tellescopio.com.br/filtros/filtro-darksky-e1-1.25
Você deve escolher entre o UHC e o Dark Sky já que ambos tem a mesma função, e quanto ao filtro semi APO, adquira mais experiência primeiro com as oculares que já vem com o telescópio, e depois que os seus olhos estiverem bem treinados então será interessante avançar mais nas ampliações com esse filtro.
Qualquer dúvida é só retornar aqui no tópico.
Ps* Poderia me dizer qual é o telescópio que você usa?
Abraço.

André Pira escreveu:treinar os olhos...Faz a gente refletir bastante!
Dentre todos os aspectos da observação astronômica, o quê "parece" que evolui com mais rapidez é a questão da adaptação dos olhos ao que estamos visualizando.

Ao contrário do que se pensa a observação de céu profundo é mais fácil do que observar as superfícies planetárias, pois estas exigem ampliações elevadas enquanto que as nebulosas e aglomerados precisam de aumentos mínimos para serem melhor visualizados. Como na observação dessa classe de objetos tênues e de brilho fraco quanto mais aumentos forem utilizados piores vão ficar as imagens, os observadores de céu profundo de certa forma acabam desistindo da observação visual e partem para a astrofotografia. Além disso a configuração do céu de fundo é praticamente sempre a mesma salvo a aparição de uma supernova ou algo do tipo, enquanto que na observação planetária (jupiter e marte principalmente), no espaço de uma hora os detalhes observados nos discos dos planetas podem mudar completamente a sua posição e até a forma. A acuidade visual só é adquirida com o treino constante, e desnecessário dizer sobre a importância de sempre procurar o local mais escuro possível para observar, e assim poder acostumar os olhos à escuridão e evitar as interferências da poluição luminosa e/ou luzes parasitas. Você pode estar numa zona rural afastada de tudo e com o céu límpido, basta uma única lâmpada distante com a sua luz sendo refletida no olho posicionado na ocular para arruinar a observação.